Pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, nos EUA, chegaram à conclusão de que mais de um bilhão de pessoas entre 12 e 34 anos correm o risco de sofrer perda auditiva significativa por causa da permanência em lugares barulhentos ou pelo uso inapropriado de fones de ouvido. A análise demonstrou que a exposição intensa a altos volumes – decorrentes de aparelhos pessoais ou locais como shows, bares e casas noturnas –, pode danificar células sensoriais do órgão da audição.


CUIDADO Henrique Botella,
DJ e produtor: protetor pré-moldado para os ouvidos (Crédito:Divulgação)

Liderada pela médica Lauren Dillard, o relatório avaliou que agências reguladoras limitam os níveis seguros a 80 ou 85 decibéis. No Brasil, a Câmara Municipal de São Paulo discute um projeto que fixa o ruído em eventos entre 75 e 85 dB. Mas o problema também é pessoal: a especialista alerta que o som dos fones podem chegar a 105 dB. Já os locais de entretenimento variam entre 104 e 112 dB. Em ambas as situações, os limites permitidos são excedidos. “Há uma necessidade urgente de priorizar políticas focadas na escuta segura”, afirma Lauren. A sugestão é que governos, empresas e a sociedade civil pensem nisso como uma questão de saúde pública.

O ponto é que a prevalência do ruído inseguro fadiga as células ciliadas do sistema auditivo, responsáveis pela tradução eletromecânica da informação sonora. “O som alto por um longo período causa lesão a essas células. Esse dano pode ser temporário, como quando se sai de uma boate com a sensação de ouvido ‘abafado’”, explica Mariana Denaro, otorrinolaringologista da Rede Mater Dei de Saúde. “Mas quando há uma lesão definitiva dessa célula, que pode acontecer por ruído excessivo, pode se chegar à perda da audição”. Quanto mais alto o volume, menor deve ser o tempo de exposição permitido.

O DJ e produtor Henrique Botella, de 23 anos, conhece as precauções. “Quando vou tocar, uso um protetor pré-moldado nos ouvidos. Professores e técnicos de estúdio sempre me alertaram para tomar cuidado”. Os hábitos de Botella se somam às dicas de segurança dos pesquisadores, que também sugerem evitar ficar perto das caixas de som em baladas e shows. A tecnologia ajuda, pois smartphones notificam a intensidade e há aplicativos para medição. Por fim, uma medida simples: lembre-se de que o botão também serve para diminuir o volume.