21/10/2022 - 9:30
O dito popular “o crime não compensa” não vingou nas eleições deste ano. Pelo menos na esfera das questões de meio ambiente. No primeiro turno, 34 candidatos que exibem no currículo multas aplicadas por crimes ambientais conseguiram se eleger.
Essa lista de aprovação popular a ações comprovadas de danos ao meio ambiente abrange governadores, senadores, deputados federais e estaduais. E também contempla ampla diversidade ideológica. Os dois principais premiados pelas urnas, reeleitos em primeiro turno para os governos do Pará e de Roraima, são, respectivamente, Helder Barbalho (MDB), apoiado por Lula, e Antonio Denarium (PP), que teve apoio de Jair Bolsonaro.
As multas impostas aos 34 eleitos somam R$ 23,8 milhões, segundo levantamento da Folha de S.Paulo a partir de dados do Ibama. Parte delas aguarda recurso e algumas já prescreveram. Reeleito com 70% dos votos, Barbalho tem uma multa com valor corrigido próximo a R$ 500 mil. Foi aplicada em 2012, quando ele ocupava a prefeitura de Ananindeua (PA) por descarte indevido de lixo urbano. Denarium, por sua vez, foi multado em R$ 135 mil pela destruição de 26 hectares de floresta nativa, na região de Iracema, em 2018. Reeleito com 57% dos votos, o governador tem histórico de ações consideradas favoráveis ao garimpo ilegal no estado de Roraima.

O número de governadores com multas ambientais pode subir no segundo turno. Paulo Dantas (MDB) é favorito para a reeleição em Alagoas. Recebeu multas por desmatamento ilegal de caatinga, em 2019, e por não fornecer dados de área de sua propriedade ao Ibama, em 2020. Sua reeleição corre risco, mas não por questões ambientais. Ele foi afastado do cargo de governador devido a investigações de contratação de funcionários fantasmas.
A lista de desmatadores vitoriosos nas urnas exibe um senador, Jaime Bagatolli (PL), de Rondônia, autuado por desmatamento e transporte de madeira sem documentação. O maior valor acumulado em multas ambientais está com Affonso Cândido, do PL, eleito deputado estadual em Rondônia, com quatro multas que somam quase R$ 9 milhões.
PL, PSD e União Brasil lideram o ranking das legendas inimigas das florestas, cada uma com cinco eleitos com multas listadas no Ibama. No total, 13 partidos têm em seus quadros pelo menos um desses vilões ambientais.