16/09/2022 - 9:30

Quando se pensa em casamento, logo se imagina uma noiva de vestido branco no altar de uma igreja. Mas nem todos sonham com o tradicional: hoje muitos noivos optam por fugir do convencional e fazer escolhas únicas em um dos dias mais importantes da vida. No fim de agosto, os jornalistas Mari Palma, de 33 anos, e Phelipe Siani, 37, oficializaram a união em uma fazenda em Itatiba, no interior de São Paulo. Ela virou notícia por deixar o vestido de lado e preferir uma saia com bolsos e fenda lateral, um top cropped e o detalhe que chamou a atenção: tênis com glitter.
“Eu queria me vestir de Mari”, explicou. “Me senti segura e confortável para curtir essa data especial.” Refletir a personalidade na celebração é cada vez mais importante para os noivos. Escolhas originais permitem que os casais tornem o momento tão especial em algo ainda mais único. Com isso, o casamento fora do padrão ganha espaço. A modelo e empresária Júlia Pereira, 36 anos, e o empresário Amilcare Dallevo Neto, 34, casaram à beira da praia, em Tabatinga, litoral norte de São Paulo, em 2019. Ela usava um esvoaçante vestido lilás e ele, bem à vontade, estava de bermuda e tênis. A cor do vestido chegou a ser uma dúvida durante os preparativos para o casamento. “Eu estava angustiada porque não conseguia me ver casando de branco”, lembra. “Por causa da minha profissão, já fiz muitos desfiles e campanhas como noiva, por isso queria algo diferente para um dos dias mais especiais da minha vida”.

O lilás surgiu quando Júlia viu o álbum da família e notou que sua mãe havia se casado com essa tonalidade. Decidida a fazer uma homenagem, consultou o parceiro: “Perguntei se ele se importaria se eu usasse outra cor além do branco. Ele respondeu que não, que achava descolado. E daí decidiu se casar de bermuda”. Os dois foram ainda mais longe: pediram que os convidados usassem branco. “Ninguém entendeu. Várias pessoas me ligaram: ‘Como assim? Vamos ficar igual a você?’, perguntavam.” Como também é músico, o noivo tocou a Marcha Nupcial na guitarra para anunciar a chegada da amada. A festa é assunto até hoje entre familiares e amigos, e virou até fonte de inspiração: “Um amigo do meu marido gostou da ideia e também se casou de bermuda e tênis. Todos acharam incrível poder se casar de forma tão confortável, mas mantendo o estilo”.
Charles Hermann, 42 anos, estilista e sócio da Victoria Alta Costura, em São Paulo, lista que, ao menos duas vezes por ano, recebe noivas “fora da caixinha”. Ele já fez modelos nas cores vermelha, roxa e preta e, atualmente, trabalha em uma peça com detalhes floridos. “Todos eles têm o mesmo glamour do vestido branco”, afirma. “Os convidados esperam a noiva com o máximo de beleza e elegância, mas não esperam a cor. Quando as portas se abrem, o impacto visual na cara das pessoas é incrível.” O profissional, no entanto, admite que ficou atordoado quando veio o primeiro pedido de vestido vermelho. A cliente, uma médica cansada de se ver de branco, fez surpresa. “Pensei que fosse apanhar da família inteira”, diz o estilista. O casamento foi espetacular e Hermann se especializou em atender encomendas com esse olhar diferenciado. No ateliê dele, há vestidos com preços que variam de R$ 8 mil a R$ 47 mil. “Já as peças sob medida têm valor inicial de R$ 12 mil, e o céu é o limite”, diz.

De acordo com a Associação Brasileira de Eventos, esse nicho movimenta, em média, R$ 300 bilhões por ano. A estilista Lethicia Bronstein, 41, aprova a liberdade de escolha. “A noiva não tem de estar fantasiada nem deve ser forçada a usar branco. Escolher outra cor demonstra personalidade”. Queridinha das famosas, a profissional fez o modelo azul que a atriz Claudia Raia, 55, usou na cerimônia com o ator Jarbas Homem de Mello, 53, em 2018.
“Temos que ser fiéis às nossas verdades. E quer melhor dia do que o casamento para mostrar isso?”, questiona a designer. Carla Campos, 35, personal stylist da Front Row, recommerce de luxo, estimula a iniciativa. “Quando você deseja sair do padrão, a decisão diz respeito ao seu estilo. Quando a pessoa está vestida como quer, fica mais feliz, segura e confiante”, analisa. Fernanda Melo, professora de Design de Moda da Estácio, reforça que não há limites para o que muitos podem chamar de extravagância: “A ideia do empoderamento ao transformar a cerimônia em um evento temático mostra o fortalecimento da união, pois fica evidente que o casal compartilha dos mesmos gostos casal”. Fica aqui a ideia aos noivos.