A Universidade de Campinas (Unicamp) acaba de receber uma ferramenta importante no trabalho de redução de danos sociais: um radar meteorológico capaz de detectar eventos climáticos extremos. Vindo dos Estados Unidos, o equipamento integra o Centro Regional de Meteorologia da região metropolitana de Campinas e deverá entrar em operação experimental em dezembro. A antena, de três toneladas e meia, será instalada numa torre de dez metros de altura em um terreno do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. O Centro Regional, que vai operar o sistema, estará integrado aos sistemas de monitoramento estadual e federal.

O projeto, explica a professora e pesquisadora do Cepagri Ana Ávila, foi iniciado em 2017 numa parceria com a Câmara Temática de Defesa Civil da Região Metropolitana de Campinas. “Um ano antes, em junho de 2016, Campinas foi surpreendida por um evento severo: a microexplosão. É um fenômeno extremo muitas vezes confundido com um tornado. Provocou vento, granizo, chuva forte, destelhou casas, derrubou árvores”, lembra ela. “Por sorte, ocorreu em uma área bem estruturada e entre meia-noite e meia-noite e meia, período com pouca gente circulando. As perdas materiais foram pequenas, mas assustou muito”.

Houve então demandas por parte de prefeitos da região. O projeto sofreu interrupções por conta de mudanças de governo e da pandemia, mas foi retomado em 2023.

120 km
é o alcance máximo do novo radar

Alta resolução

Antes do equipamento atual, estava em tramitação um projeto que contemplava a instalação de um radar numa parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Por isso, a estrutura física, com a torre, estava montada antes da chegada do novo equipamento.
Um primeiro radar funcionou entre 2016 e 2017.
Em 2018, foi levado para o Rio Grande do Sul.
A transferência e as demandas da Defesa Civil motivaram as mobilizações para a instalação do novo equipamento.

O sistema, um radar de Banda X com cobertura de alta resolução para um raio de 60 km e alcance para até 120 km, foi adquirido pela Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp) por R$ 4,4 milhões. A instalação é a primeira etapa de um longo processo, que inclui ajustes técnicos e operacionais. “A operação plena deverá ser atingida entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026”, prevê Ana Ávila.

As metas são adquirir rapidez e maior precisão nas previsões, antever os eventos climáticos com algumas horas de antecedência, gerar alertas em tempo integral e mapear áreas atingidas após ocorrências. “O sistema poderá nos ajudar, também, a saber como providenciar socorro”, exemplifica a pesquisadora. Que as surpresas climáticas ruins diminuam.