17/02/2023 - 9:30
Semana após semana a astronomia alimenta a imaginação e estimula a curiosidade com seus achados impressionantes no cosmo. Dessa vez não é diferente. A revista especializada Astronomy & Astrophysics acaba de divulgar uma descoberta feita por pesquisadores do Instituto Max Planck de Astronomia, sediado na Alemanha. Trata-se de um exoplaneta (existente fora do Sistema Solar) localizado em uma das chamadas “zonas habitáveis” do universo. A principal característica dos astros encontrados nessa região é o fato de terem atmosfera e temperatura que permitem a existência de água na forma líquida em sua superfície. ”Nesse contexto, é claro que não é o que aparece nos filmes de ficção científica. O certo é que diante da presença da água algas e bactérias torna-se viáveis”, diz Roberto Costa, professor de astronomia da USP. Ter atmosfera e temperatura em condição moderada, ou seja, que não é absurdamente congelada como a de Urano, onde o clima pode chegar a inacreditáveis 224°C negativos, ou Vénus, que possui calor similar ao de um forno industrial, com mais de 450°C, confere características aprazíveis como as que conhecemos.
Por causa do trabalho da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa), e da Europeia (ESA), as quais têm se dedicado, com sucesso, na busca de exoplanetas há anos, sabe-se que há cerca de cinco mil deles registrados e que, ao menos uma dúzia localiza-se na chamada zona habitável. Denominada pelos cientistas de Wolf, a mais nova descoberta tem o mesmo nome de sua estrela e está perto da Terra — a trinta e um anos-luz. Há mais uma similaridade com o sistema terrestre: campo magnético, o que é essencial para proteção de qualquer planeta.

O centro de pesquisa utilizado para fazer as observações que constataram a existência de Wolf foi o Observatório Calar Alto, em Almeria, na Espanha, e a técnica empregada é capaz de perceber mínimas alterações de luz que ocorrem na órbita entre o astro e o seu planeta. Diana Kossakowski, cientista que liderou o trabalho, pontua que Wolf é muito diferente da Terra no que diz respeito a sua movimentação. “Ele orbita a estrela em 15,6 dias a uma distância equivalente a um décimo quinto da separação entre a Terra e o Sol” diz ela. Isso significa que em um lado do exoplaneta sempre é noite e, no outro, dia. Ainda que os cientistas sejam curiosos como as pessoas comuns, eles não se permitem deixar os pés saírem do chão. Os não familiarizados com a astronomia já imaginam estarmos diante da possibilidade de um novo lar para a humanidade.