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Permeado por dancinhas, dublagens e piadas curtas, a rede social chinesa não fez sucesso por sua seriedade. Com grande apelo entre adolescentes, a rede social cresceu, passou a permitir vídeos de até três minutos e tornou-se a rede social mais baixada de 2020, superando Facebook e Instagram – tendo seu valor estimado em R$ 110 bilhões. Com as redes sociais servindo cada vez mais como fonte de notícias e informações, o TikTok atraiu produtores de conteúdo até então pouco comuns na plataforma: grandes bancos, profissionais da saúde e, no Brasil, até o Supremo Tribunal Federal (STF) aderiu ao movimento – principalmente para combater a desinformação e as fake news.

Para Mariana Munis, professora de Marketing e Comportamento do consumidor da Universidade Mackenzie Campinas, a plataforma ainda é incompreendida por parte do público, mas sua forma de apresentar conteúdo em vídeo veio para ficar. “De uma maneira divertida e didática, aproxima ainda mais as empresas e profissionais de seus públicos-alvo”, diz. O público, segundo o próprio TikTok, é formado, em sua grande maioria, por pessoas entre 16 e 24 anos, com usuários mais velhos abrindo suas contas em 2021. Ou seja, é impossível ignorar seu tamanho. Até o Instagram atrelou elementos da plataforma chinesa, assim como o fez com o já quase esquecido Snapchat.

A plataforma ainda é incompreendida por parte do público, mas a forma de apresentar conteúdo veio para ficar

Por falar com quem vota, compra e emite opinião, contas sérias como a da médica americana Danielle Nicole Jones, também conhecida como Mama Doctor Jones, fazem sucesso. A ginecologista conta com quase um milhão de seguidores e usa o espaço para ensinar aos jovens como se proteger de doenças sexualmente transmissíveis e lidar com a sexualidade de maneira saudável – sem usar o tom de “consultório médico”. O mesmo acontece com o STF, que explica como funciona uma eleição, os três poderes e até o significado da estátua da Justiça, em frente ao prédio em Brasília.

E por falar na capital federal, políticos brasileiros estão apostando forte na plataforma. O senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI da Covid, faz sucesso com os acontecimentos da comissão parlamentar e suas repercussões. Memes, diálogos, expressões – tudo vira humor informativo. Em ano de véspera de eleição, ficar atento aos eleitores iniciantes pode ser uma boa estratégia. No entanto, é preciso cuidado. Marina Munis afirma que quando o assunto é marketing, o tiro pode sair pela culatra. “A geração Z é muito questionadora e antenada e não vai cair em qualquer dancinha feita por políticos”, diz. “Como em qualquer mídia social, é imprescindível ao candidato entender muito bem as necessidades de seu público-alvo e comunicá-las de maneira verdadeira aos usuários, caso contrário, o candidato pode virar motivo de chacota”.