Estudos das universidades americanas Stanford e Michigan advertem: contato regular com a natureza traz benefícios ao corpo e à mente, como a melhora dos aspectos cognitivos e a diminuição do estresse. Foi na década de 1980, após intensa industrialização, que o “banho de floresta” foi introduzido como prática integrativa no serviço de saúde pública japonês. O shinrin-yoku cruzou o globo até chegar no Brasil, onde, desde 2017, o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE) realiza vivências de imersão. A área da ciência, como explica o psicólogo clínico e diretor do IBE, Marco Aurélio Bilibio de Carvalho, trata a crise de relacionamento entre o ser humano e o mundo, e a experiência vem para ativar o potencial estimulante da vegetação: “A pessoa é convidada a um encontro com o espaço vivo. Estimulamos que ela entre na floresta em estado de plena atenção, com métodos de relaxamento e ambientação. A presença e o centramento vão se estabelecendo”. As atividades guiadas já acontecem em todo o País, e a próxima meta é torná-las ainda mais acessíveis.

MATA NA CIDADE Atsunobu Katagiri propõe mergulho na flora em meio ao caos da metrópole: “Que as pessoas percebam que essas plantas estão pertinho de nós” (Crédito:Divulgação)
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Desde 2021 o IBE vem desenvolvendo pesquisas em parceria com a Fiocruz, com o objetivo de que a aplicação da técnica chegue ao SUS e a outras políticas públicas: “Que as evidências sensibilizem o poder público para que parques e Áreas de Preservação Permanente passem a ser vistos como apoio à saúde”. Os ganhos são amplos e ainda vão ao encontro da valorização dos biomas brasileiros: “É uma tomada de consciência que possibilita a formação de uma cidadania do planeta”, diz Guilherme Franco Netto, coordenador do Programa de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade e secretário executivo da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030. Ele afirma que a intenção é oposta à realização de esportes dentro da mata: “É entrar na sintonia dos ritmos, dos cheiros e dos sentimentos das paisagens naturais, em vários ecossistemas”.

Ir para o mato é preciso, mas a contemplação em zonas urbanas pode abrir trilhas importantes na agitação cotidiana. Na exposição “ESSÊNCIA: Jardim Interior – Atsunobu Katagiri”, o artista botânico japonês Atsunobu Katagiri concretiza uma pequena selva tropical na Japan House, na Avenida Paulista. Para ele, trazer flores, plantas e substratos para o local interno serve de impulso para refletir sobre a beleza e a magnitude da flora brasileira: “Se você achou algo muito bonito, tente encontrá-lo em um estado mais natural, fora da galeria. Depois de ver a exposição, acho que se pode ter um olhar diferente e enxergar as mesmas espécies lá fora mais belas”. A mostra vai até 30 de abril e tem entrada franca.