IMAGEM O scanner do consultório de Angela Lei: modelos da boca do paciente em tempo real (Crédito:Keiny Andrade)

Processos odontológicos sempre foram ruidosos, doloridos e demorados. Nos últimos cinco anos, porém, deram um grande salto, graças à tecnologia digital, cada vez mais presente tanto nas rotinas hospitalares como nos consultórios. Para quem não acompanhou a evolução, até as imagens de procedimentos simples, como um raio-X, hoje são capturadas e transformadas em informação digital, que podem ser enviadas para qualquer lugar do mundo. E em alguns casos permitem a consulta remota, como fazem tantos outros profissionais da saúde. Softwares e aplicativos em celulares foram desenvolvidos para auxiliar e dar mais precisão aos tratamentos, e até mesmo descomplicar processos. Mas entre tantas possibilidades, a grande estrela é o scanner, equipamento que permite a visualização da arcada dentária em 3D. E isso de fato impressiona o paciente, que pela primeira vez, consegue ver com clareza o que acontece na própria boca, e consegue entender melhor os planos de tratamento do dentista, a partir de simulações de imagem.

“O scanner revolucionou a ortodontia”, diz a especialista Angela Lei, entusiasta do equipamento, com 20 anos de experiência na área. Acoplado a um aparelho que lembra muito a ponteira de um ultrassom, ele consegue reproduzir em uma tela a imagem da boca em 3D. “Isso foi fundamental para o desenvolvimento de uma nova geração de aparelhos ortodônticos, os alinhadores”, conta. Os antigos tinham arames e elásticos, presos a peças coladas aos dentes, os braquetes. No início eram metálicos, depois brancos, e em uma versão divertida, coloridos. Esse conjunto de peças foi substituído pelos alinhadores, nome dado aos moldes plásticos, feitos sob medida para cada paciente – com as imagens do scanner – para se ajustarem perfeitamente aos dentes, cumprindo a mesma função que os aparelhos metálicos.

O apresentador da TV Gazeta Fefito comprou o tratamento com alinhadores para endireitar os dentes, que estavam encavalados. “Usei aparelho quando criança, mas incomodava. Esse agora se encaixa na boca com tanta perfeição, que você esquece que está usando. Cheguei a apresentar o programa com ele, sem querer”, conta. “Na tela do consultório, Fefito conseguiu ver como estavam os dentes e como ficaram. O planejado era usar por sete meses. Depois desse período, no entanto, ele não ficou tão satisfeito com o resultado. “Fui perfeccionista e usei mais quatro meses”, diz ele, que agora exibe novo sorriso.
Esse conforto ao qual se refere o apresentador tem a ver com o trabalho preciso de uma impressora 3D, que permite que a peça saia tal qual a imagem do scanner. Fefito escolheu um alinhador americano, uma das primeiras marcas que chegou no Brasil, porém, já existem similares nacionais. “Há marcas de qualidade fabricadas aqui, que custam um quarto do preço do importado, por volta de R$ 5 mil”, diz o dentista Fábio Bibancos, que também tem um scanner no consultório entre outras novidades tecnológicas. Como esses recursos ainda tem um custo alto, são poucos os consultórios que possuem o equipamento. Um scanner pode chegar a R$ 300 mil, investimento que acaba sendo repassado ao paciente nos tratamentos. Mas Bibancos lembra que nem sempre o que há de mais moderno é o melhor para todos os casos. “A odontologia digital não substitui o tratamento humanizado. É preciso analisar cada paciente, colocar em uma balança o custo e o benefício e o momento pelo qual ele passa”, diz.

ALINHADORES Novos dispositivos conquistam artistas como Fefito: dentes retos em um ano (Crédito:Keiny Andrade)