Se pairava a mínima dúvida sobre a eficácia dada pelos imunizantes contra a Covid-19, ela acaba de cair por terra. É exatamente isso que pesquisadores do Imperial College London, na Inglaterra, conseguiram demonstrar em um recente estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases. Os cientistas constataram que apenas as vacinas da Pfizer, AstraZeneca e Moderna foram capazes de impedir a morte de 19,8 milhões de pessoas em todo o mundo no primeiro ano de utilização. Sendo que 12,2 milhões referem-se às nações ricas e 7,5 milhões aos países subdesenvolvidos. No Brasil, apesar de tardia, a imunização salvou um milhão de vidas, graças, sobretudo,à Coronavac, do Butantan. Ou seja, sem profilaxia, o número de óbitos oficiais poderia ser quatro vezes maior.

RESPONSABILIDADE O jovem Daniel, de 12 anos, toma a primeira dose da vacina (Crédito:GABRIEL REIS)

“A vacinação foi um divisor de águas”, afirma Luiz Artur Caldeira, diretor da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. O epidemiologista conta que desde o início da pandemia esteve à frente das ações de combate à Covid-19. “Percebemos que com apenas quinze dias de uso, houve grande redução de caso de contaminação e mortes”, diz. A péssima condução da pandemia por parte do governo federal, algo que está bem caracterizado nas mais 670 mil mortes no Brasil, causou eco na população: 6 em cada 10 óbitos são de pessoas que não tomaram a terceira dose. Felizmente, há muita gente consciente. “Não queremos pegar e nem passar o vírus para outras pessoas”, diz Simone Telerman, 49 anos. A paulistana sabe a importância da vacinação e conta que já tomou as quatro as doses do esquema vacinal. “Agora, inclusive meu filho Daniel, que tem 12 anos, está protegido”. A infecção é menos letal em crianças. Mas o Brasil apresenta números preocupantes. Segundo novo estudo da Fiocruz, 1.439 garotos de até 5 anos morreram por Covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia. A situação de contaminação dos pequenos preocupa a psicóloga Daniela Pelegrino, 48 anos. Ela fez questão de levar sua filha Alice que acaba de completar 5 anos, para ser imunizada na Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro paulistano de Perdizes. “Na escola, apenas minha filha e outra criança passaram ilesas pelo vírus”, diz. O estudo ainda apresenta mais uma informação que reforça a relevância da vacina: mais de 600 mil mortes poderiam ter sido evitadas se a meta de imunizar 40% da população globalmente, até o final de 2021, como definiu a OMS, tivesse sido realizada.