23/09/2022 - 9:30
A morte de Elizabeth II ressuscitou no metiê brasiliense histórias de quem sempre tentou ser rei e rainha, longe da realeza, amparado em regalias republicanas com dinheiro dos cidadãos — mesmo sem a pompa da monarquia britânica. Quando inquilina do Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff certa vez reclamou do barulho de conversas e risadas dos serviçais da cozinha e jardim, que atrapalhavam sua leitura. A empresa terceirizada, com receio de perder o contrato, não titubeou. Mudou a equipe e contratou surdos-mudos treinados em uma semana. Dilma deixou o Palácio sem saber. Em 2013, quando passou por Brasília, o Chefe de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, trouxe cão do FBI no staff. O pastor alemão ocupou ampla suíte, e comeu apenas ervas cozidas em água mineral. Quando presidente, Lula da Silva deu cartão corporativo a um funcionário só para lhe comprar o uísque do avião presidencial. E a atual primeira-dama Michelle Bolsonaro se dá ao luxo de levar o maquiador para viagem internacional.
Dilma mandou trocar serviçais que riam na cozinha; cão de Kerry só comia ervas; Lula teve cartão só para o uísque; Michele viaja com maquiador
Sergio Moro paga bem

Acostumado na Operação Lava Jato a dar trabalho para advogados de alvos – muitos defensores ficaram milionários –, o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) não perdeu o pique agora, na campanha. Candidato ao Senado pelo Paraná, com chances de ser eleito, já gastou R$ 700 mil apenas com o escritório Bonni Guedes Advocacia para os serviços eleitorais.
Morte de policiais no Rio e em SP
No 1º semestre desse ano morreram em serviço 67 profissionais de segurança pública no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Justiça. Dois Estados se sobressaem nos tristes números. O Rio de Janeiro contabilizou a morte em serviço de sete policiais militares e dois civis entre janeiro e julho. No Estado de São Paulo, sete PMs e três policiais civis foram a óbito. Os dados por ora estão abaixo dos contados em 2021. O Rio – onde se matava PMs em confronto com bandidos quase toda semana, há poucos anos – registrou no ano passado a morte de 10 policiais. São Paulo lidera o ranking do País: foram 22 mortes de policiais em 2021.
Pacheco some da campanha e se preserva

Rodrigo Pacheco desfilava em Belo Horizonte como respeitado advogado e sempre discreto, longe dos holofotes. Pelo visto, como presidente do Congresso Nacional, não perdeu o costume nessa campanha. Filiado ao PSD, o senador não aparece no palanque do ex-prefeito de BH Alexandre Kalil (PSD), candidato ao Governo de Minas e aliado de Lula da Silva (PT) no Estado. Tampouco gravou vídeos ou fez fotos para aliados. Correligionários próximos reclamam do distanciamento do senador como sua regra para sobrevivência política. Com mais quatro anos de mandato e com vistas a tentar reeleição, Pacheco não quer tomar lado.
PGR abre concurso para procurador

Augusto Aras encabeça equipe da comissão do concurso da Procuradoria-Geral da República para 13 vagas abertas – Acre, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Pernambuco e Santa Catarina terão uma vaga a ser ocupada, cada. Três cadeiras vão para o Estado do Rio de Janeiro, e o Estado de São Paulo vai preencher outras quatro vagas. O salário bruto é de R$ 33.689,11 — além de outras benesses e prêmios da carreira. O aprovado, de acordo com sua classificação, poderá escolher a sua praça de atuação. O concurso sairá dentro de dois anos. Mas o PGR tem pressa – e até dezembro pode realizar a prova.
Oi, chefe, estamos aqui, hein…
Os ex-ministros Gilberto Carvalho e Aloizio Mercadante querem garantir a atenção de Lula se o petista for eleito presidente. Doaram, cada um, R$ 14.850 para o comitê presidencial do PT. Gilbertinho, como é chamado dentro do partido, tem sido a ponte discreta de muita gente com o Barba.
Cabo Mourão na tela
Enquanto luta voto a voto com Ana Amélia (Progressistas) pela única vaga ao Senado do Rio Grande do Sul, o vice-presidente general Mourão (Republicanos) tem reservado um pouco de tempo para gravar vídeos de apoio a candidatos ao Senado em outros Estados. Mourão é requisitado por bolsonaristas para o front — na tela, pelo menos, à distância.
De galã a vilão de si
Eike Batista, então o empresário mais rico do Brasil, sonhou ter uma cinebiografia em Hollywood, com Leonardo Di Caprio em seu papel, contam pessoas próximas do brasileiro. Com script queimado, passou a embarcar em voos comerciais, e virou filme, sim: no Brasil, sobre seu retumbante fracasso. Estreia nessa semana nos cinemas.
Nos bastidores
Quem matou Marielle?
Investigações avançadas no Rio de Janeiro apontam um miliciano executado como principal suspeito de ser o mandante da morte da ex-vereadora Marielle Franco. Falta pouco.
Brasil sobre trilhos
Mais de 150 empresários brasileiros do setor desembarcaram em Berlim nessa semana para a InnoTrans 2022, principal feira mundial de tecnologia de transporte ferroviário. O mundo está de olho no País.
A ausência de Michel
Gente graúda de gabinetes em Brasília e de diferentes escritórios em São Paulo cita a falta que faz Michel Temer (MDB) na disputa presidencial. Com seu perfil conciliador e programático, é lembrado pelas reformas nos dois anos de Governo.
Submarino nuclear
O submarino de propulsão nuclear em construção pela Marinha vai conseguir fazer a rota Rio de Janeiro-Natal em menos de dois dias, e não em duas horas, como publicou esta Coluna na edição anterior.