Muita gente se acostumou a ver Almir Sater na tela da TV. Ele fez o papel de Xeréu Trindade na versão original de Pantanal, em 1990, na TV Manchete, e repetiu o sucesso agora como Eugênio, personagem que gostava de dar sábios conselhos na refilmagem que acaba de chegar ao final na Globo. Ninguém pode se esquecer, no entanto, que sua grande paixão é a música. Depois de dois álbuns com o parceiro Renato Teixeira, Almir, de 65 anos, está de volta com o primeiro disco solo inédito desde 2006: Do Amanhã Nada Sei, gravado por ele no Pantanal e por músicos norte-americanos, em Nashville.

Quando Pantanal foi ao ar pela primeira vez, em 1990, ainda nem existia internet. Como explica o sucesso do remake nos dias de hoje?
O sucesso vem da história do Benedito Ruy Barbosa, mas o Pantanal também contribuiu: pouca coisa mudou aqui desde aquela época. Continua lindo, do mesmo jeito. As pessoas que trabalharam na novela se emocionaram todos os dias.

A sua geração é chamada de ‘música caipira’. Como vê os sertanejos hoje?
A música mudou no mundo inteiro, e não sei se para melhor. Continuo curtindo as músicas que ouvia há quarenta anos. O termo “sertanejo” surgiu por preconceito, gosto mais de “caipira”. Mas música só tem duas: boa e ruim.

“As pessoas que trabalharam na novela se emocionaram todos os dias”
Almir Sater, músico e ator

Por que decidiu convidar artistas estrangeiros para as gravações?
Quando produzi meu primeiro álbum nos EUA, em 1986, Rasta Bonito, gostei do jeito que eles assimilaram minhas composições. O jeito deles me encantou, estão há muito tempo na estrada.

O som ficou mais folk devido à influência?
Deleguei muita coisa ao produtor Eric Silver porque estava em meio à novela. Gravei a viola e a voz, e ele finalizou o material nos EUA. De todos os meus discos, esse é o que mais se parece comigo.

Qual é o som que procura?
Quando faço um disco, sou o primeiro que tem de gostar. Sou egoísta. Faço para mim, se vai vender é outro detalhe. E tenho que vencer a barreira aqui em casa, porque todo mundo é músico: minha mulher, meus filhos, todo mundo dá palpite.

Como vê o futuro do Brasil?
A política está raivosa, as pessoas têm de respeitar a opinião do próximo. Democracia é conviver com o outro lado. Estamos muito infantis, acredito que o Brasil é maior que isso.