Por iniciativa do Palácio do Planalto, os ministros e autoridades do segundo escalão vêm se submetendo a um treinamento para exibir discurso padronizado na Olimpíada e na Paraolimpíada. O objetivo é evitar passar uma imagem ruim do Brasil para interlocutores daqui ou do exterior.

Caso o trabalho articulado tivesse começado mais cedo, os Jogos no Rio de Janeiro estariam mais enaltecidos pelo esporte e menos pela possibilidade de ser palco de ação terrorista. O mundo hoje impõe investigações que previnam atos patrocinados pelo EI ou praticados por franco alucinados.  O Brasil precisa mesmo priorizar a segurança pública, com intensa cooperação entre órgãos governamentais, tudo, entretanto, de forma silenciosa e técnica, sem ôba-ôba.

Algumas autoridades, contudo, meteram os pés pelas mãos às vésperas dos Jogos.  O prefeito carioca Eduardo Paes foi de uma inabilidade brutal quando, por exemplo,  em entrevista à CNN criticou o “trabalho horrível” na área de segurança pública no Rio  de Janeiro, como se não tivesse responsabilidade com as pessoas e a imagem da cidade. Deveria ter tido o bom senso de dizer que os cidadãos não estarão entregues à própria sorte na cidade, onde acharão vigilância igual ou melhor do que a de outros grandes eventos.

Cabe também um puxão de orelhas em Alexandre de Moraes (foto acima). Em nenhum país um ministro da Justiça dá coletiva para falar da prisão de pessoas suspeitas de terrorismo. É alguém da força policial que faz isso. Notem que o juiz federal do caso, Marcos Josegrei, dias depois da detenção, mostrou-se preocupado com o risco de a ação ser classificada como preconceito religioso. Condene-se, ainda, a portaria do ministro, restringindo o acesso dos advogados aos réus. Isso contraria a lei e o bom senso. Enfim, a obrigação das autoridades públicas é prevenir com inteligência e cooperação. Combater sem exibicionismo. Os brasileiros – e estrangeiros – merecem uma Olimpíada 100%, com respeito aos direitos individuais e à Constituição.

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Indústria
É preciso mudar?

Entre as medidas indispensáveis para tirar o Brasil da crise,  o presidente da CNI, Robson Andrade, cita sempre a reforma da CLT. A entidade exibe em portal pesquisa sobre a competitividade da indústria, comparada a de 14 países emergentes. E uma das conclusões foi que  o Brasil só é mais atrativo para  a atividade quanto à disponibilidade e custo da mão-de-obra.  A “urgência” da reforma trabalhista soa agora a eufemismo para redução de direitos.

Política
Um a um

Novo presidente da Câmara  dos Deputados, Rodrigo Maia (foto) irá submeter os pedidos de CPI que receber ao plenário da Casa – e não só consultando as lideranças dos partidos. Sabe que muitos dirigentes hoje não representam 100% suas bancadas. E ao contrário do que se imagina, ele quer colocar em votação, antes das eleições, o projeto que fixa um teto para os gastos públicos. O Planalto pedirá aos partidos da base que fechem questão a favor da matéria.

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Empresas
Assunto polêmico

Em Assembleia Geral Extraordinária dia 12 próximo, a Vale tentará mudar o estatuto, para estabelecer que só quem tiver menos de 65 anos pode chefiar a mineradora. A proposta representaria intenção da diretoria em impedir que candidatos de mercado, que contam com o apoio do Governo Temer, assumam a cadeira hoje ocupada por Murilo Ferreira (foto). Acionistas minoritários e sindicatos devem reagir, afinal, a Vale foi por décadas dirigida por um setentão (Eliezer Batista) e o IBGE, na faz muito tempo, aumentou para 75 anos a expectativa de vida dos brasileiros.

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Infraestrutura
Receita extra

Com uns R$ 42 bilhões disponíveis, o comitê de investimento do FI-FGTS não aprovou nenhum pedido de financiamento em sua reunião na semana passada. Aliás, com a crise econômica, já não há fila de empresas atrás dos recursos. Com isso, perde o Brasil sem novas obras de infraestrutura. Mas ganha a CEF, que administra a conta, cobrando taxa de 1% do ativo. Só este ano foram R$ 4,7 bilhões de ganho para o banco estatal.

Brasil
Olho vivo

Assinada pelo ministro da Transparência, Torquato Jardim (foto), e pelo presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, Mauro Menezes, uma norma  quer coibir o abuso de servidores federais nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Quem receber convite, ingresso, transporte ou hospedagem para um evento deve comunicar a oferta a seu superior. A exceção, claro, é se a pessoa está credenciada para trabalhar nos eventos. Em nenhuma hipótese é admitida a cessão do mimo para um terceiro.

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Cultura
Às margens do Tâmisa

Está pronta a lista com as sete maravilhas da nova ala da Tate Modern, museu britânico de arte contemporânea. Faz parte a escultura do brasileiro Cildo Meireles, Radio Tower, imensa torre feita de aparelhos de radio de diferentes modelos.

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Serviços
Disputa acirrada

De setembro do ano passado até agora, a TV por assinatura perdeu cerca de 800 mil assinantes. Todo mês milhares de clientes vão embora, sobretudo os das classes C e D – enquanto nas demais muitos migram para pacotes mais baratos.Executivos de empresas que atuam no setor acham simplista atribuir à queda a concorrentes como o Netflix, com seus 4,8 milhões de assinantes,  e a chegada do Google Play e do Amazon Prime Video ao mercado. Isso porque também passaram a oferecer serviços de vídeo “on demand” por assinatura. Tomara sejam os consumidores os grandes vitoriosos, na guerra que as empresas vão travar entre si.

Campo
Briga na horta

A seca na Região Centro-Oeste anda tão forte que agricultores que usam água no cultivo de hortaliças  e leguminosas em Brasília estão pagando produtores de outras culturas para  não plantarem nada nessa época do ano. Com isso conseguem irrigar e até aumentar o tamanho de suas lavouras – e a renda. Ocorre que nem sempre  a negociação é pacífica.  Na Ceasa-DF são várias  as histórias de brigas entre os produtores, felizmente sem vítimas até agora.

Combustíveis
Efeito nas bombas

Um dos assuntos mais comentados em Brasília não tem a ver com a política. Mas com a polícia. Atribui-se à prisão do ex-senador Gim Argello a queda nos preços dos combustíveis  na capital. Argello há anos  é acusado de ser sócio oculto de empresários do ramo. Porém, a baixa pode ser efeito da ação do Cade, que investiga a formação  de cartel nos  postos do DF.

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