A pesar de ter publicado mais de uma dúzia de romances e vencido o Nobel de Literatura, o irlandês Samuel Beckett é mais conhecido como dramaturgo. A “culpa” é do sucesso da peça Esperando Godot, obra-prima que o levou a ser chamado de pai do “teatro do absurdo”. Escrito em 1949, o texto foi levado aos palcos em 1952. Em homenagem aos 70 anos da estréia, esse marco do pós-modernismo foi relançado – assim como seus primeiros trabalhos. Entre os destaques está Murphy, seu primeiro romance. Nesse irônico drama sobre a solidão, o autor sofre forte influência de seu conterrâneo mais famoso, James Joyce, autor de Ulysses. Amarrado por vontade própria a uma cadeira em um quarto de pensão, o protagonista do livro deseja viver uma existência apenas filosófica, sem os problemas do cotidiano. Em Watt, de 1953, outro destaque da coleção, Beckett faz um relato mais sombrio da experiência humana. Escrito no sul da França durante a Segunda Guerra, enquanto lutava ao lado da resistência francesa contra os nazistas, o livro traz uma galeria de heróis “beckettianos”, personagens irrelevantes no mundo real, porém convencidos de sua própria importância. Nos textos para o teatro ou nos romances, Beckett revolucionou a literatura e esses relançamentos são um bom incentivo para reler suas obras à luz do século 21.