Para quem já ouviu falar das famosas esposas de Henrique VIII, “The Spanish Princess” traz uma surpresa: a primeira mulher tinha mais personalidade que o próprio rei. Na segunda temporada da série exibida pela Starzplay, Catarina de Aragão é uma rainha que não aceita fazer apenas as vontades de seu marido – mesmo que tenha de pagar caro por isso. Após um casamento de interesses que beneficia as potências da época, Inglaterra e Espanha, Henrique e Catarina tornam-se os carismáticos líderes da corte mais glamourosa da Europa. Até que vem um problema crucial para a época: a capacidade de a rainha dar um herdeiro para o seu reino.

“A rainha Catarina era uma mulher empoderada
porque obedecia a seus próprios desejos”

Charlotte Hope, protagonista de “The Spanish Princess”

É interessante ver, com os olhos de hoje, como as sociedades tratavam de forma absurda as mulheres – até mesmo uma rainha poderosa como Catarina. Baseada nos livros de Philippa Gregory, “The Spanish Princess” traz a visão da história contada sob o ponto de vista das mulheres, o que torna a série bem mais interessante. A pressão de Henrique para que Catarina lhe dê um filho gera uma disputa entre o casal que não deixa nada a desejar a outras questões políticas da corte. É aí que está o charme: a rainha desce do pedestal e se mostra uma mulher de verdade, com vontades e opiniões próprias. A imagem de uma nobre que vai para a guerra vestindo a armadura criada para abrigar sua barriga de grávida é poderosa e tem tudo a ver com o protagonisto feminino vigente nos dias de hoje.

Catarina é interpretada de forma brilhante pela jovem Charlotte Hope, atriz britânica que ficou famosa por seu papel como Myranda na série “Game of Thrones”, da HBO. “Quando contamos histórias de reis e rainhas, com belos figurinos e cenários deslumbrantes, às vezes esquecemos que havia mulheres verdadeiras por trás de tudo isso”, diz Charlotte. “A rainha era uma mulher empoderada porque obedecia a seus próprios desejos, sem ligar para os papéis definidos que homens e mulheres tinham na época.” Como se vê, a série mostra que Catarina foi a primeira rainha feminista – e isso em pleno século 16.