Para o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, florestas boas, saudáveis e bonitas são aquelas com a maioria de suas árvores no chão. O ministro age como predador ambiental, e duas das maiores riquezas mundiais que a natureza bem quis que estivessem no Brasil sofrem em sua gestão um avassalador desmatamento. Trata-se da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica. Tanto é assim que o Ministério Público Federal pediu que o Ibama desconsidere a decisão de Salles que concede anistia aos desmatadores — sim, o ministro do Meio Ambiente, por meio dessa anistia, propunha dar carta branca aos destruidores da Mata Atlântica para que eles aniquilassem de vez a sua flora e fauna. Salles tem colocado em primeiro lugar a defesa dos interesses de madeireiros e garimpeiros. Isso vem ocorrendo de forma brutal na Amazônia, que praticamente conta com poucas leis de proteção. Já a Mata Atlântica, uma das mais ameaçadas no País, possui tais leis, mas corre o risco de perdê-las graças à anistia que o senhor Ricardo Salles pretende oferecer. Hoje, graças a um código florestal, a Mata Atlântica consegue ser intocável. Se a proposta do ministro, no entanto, passar a vigorar, ela também se tornará extremamente vulnerável.

Salles, o ministro motosserra, foi, obviamente, confrontado. O Ministério Público Federal recorreu à Justiça Federal do Espírito Santo, que deu liminarmente um prazo de quinze dias para que o ministro se explique. A determinação partiu do juiz Fernando César Baptista de Mattos. “Esse é mais um dos crimes do governo. Salles está cumprindo o que prometeu aos destruidores do meio ambiente”, disse à ISTOÉ Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica. Enquanto o Brasil atravessa o amargo período de uma pandemia, o ministro Salles, agradecido por estar fora dos holofotes, segue agindo silenciosamente para que as florestas brasileiras continuem sendo dizimadas.

A área verde que o ministro queria derrubar na Mata Atlântica é protegida pelo Código Florestal. Desde 2012, quando ele entrou em vigor, quem invade e assola a porção legalmente tutelada é multado e tem a obrigação de recuperá-la. Nada disso importa para o ministro do Meio Ambiente. “Ricardo Salles está achando que pode fazer tudo na base da canetada”, diz Mantovani. “Sem consultar ninguém, ele toma atitudes insanas e inconsequentes”. O diretor da Fundação SOS Mata Atlântica está com a razão. O ministro Salles, do Meio Ambiente, na verdade faz do ambiente um meio — o de atender aos interesses daqueles que só enxergam lucros quando olham para uma árvore.

Dois meios, dois ambientes

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Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, na verdade faz do ambiente um meio — o de atender aos interesses daqueles que só enxergam lucros quando olham para uma árvore.

Inconsequência

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“Ricardo Salles acha que pode fazer tudo na base da canetada. Sem consultar pessoas responsáveis, ele toma atitudes insanas e inconsequentes” Mario Mantovani (foto), da Fundação SOS Mata Atlântica.

Amazônia em alerta

Daniel Marenco

Desde a nomeação de Salles para o Ministério do Meio Ambiente, em 2019, mais de cinco mil quilômetros da Amazônia foram destruídos. Em 2020, de acordo com o Inpe, a maior floresta tropical do País entrou em alerta: o desmatamento bateu recorde em janeiro com 284,27 quilômetros quadrados de floresta que acabaram tombados. Salles é a figura do antiministro, aquele que ocupa um cargo e nele emprega a sua incoerente visão de mundo.

SOCIEDADE
Cortar ou tingir o cabelo para esquecer o susto

Giuliana Miranda

Foram quase quarenta dias de necessária quarentena, até que na semana passada o distanciamento social começou a ser abrandado em Lisboa. Nenhuma atividade comercial teve mais fregueses do que as barbearias e cabeleireiros. A centenária Barbearia Oliveira, que engloba quatro salões no centro da capital portuguesa, já não tem mais horário para agendamento. A maioria das pessoas quer apenas cortar o cabelo, mas, ainda assim, é grande o número de interessados em modificar radicalmente o corte e até a cor do cabelo. Compreende-se claramente: tudo isso é para ver se o pânico do auge da pandemia vai sumindo da memória.

JUSTIÇA
TRF manda Bolsonaro exibir seus testes de coronavírus

Sergio LIMA / AFP

Determinação do Tribunal Regional Federal da 3ª Região: o presidente Jair Bolsonaro terá de exibir “laudos de todos os exames” a que se submeteu para detecção de coronavírus. Até a quinta-feira 7 a Advocacia-Geral da União ainda estudava o caso e avaliava se recorreria ou não da decisão.

3% ao ano é  a nova taxa  da Selic, após  sofrer um  corte de 0,75%  na quarta-feira 6.  É a mais baixa da  história do Brasil.  Novo corte virá  em junho, também  de 0,75%. Segundo  o BC, isso  se deve  porque a contração  econômica será  “superior  à prevista”.