Gabriel Reis

O Hospital Albert Einstein, em São Paulo, inovou na técnica de irradiação medular total (IMT). Junto com a quimioterapia ela visa a preparação do paciente em tratamento contra os diversos tipos de cânceres hematológicos, que necessitam de transplante de medula óssea. O aperfeiçoamento da radioterapia, ainda em fase de estudos, surgiu da parceria do Einstein com pesquisadores de hospitais universitários dos EUA, e ocasionou em melhora significativa do tratamento. Cerca de quarenta pessoas, alocadas nos dois países, foram submetidas a esse novo jeito de fazer radioterapia e tiveram elevadas as suas chances de vencer a doença acima dos 50%.

O avanço foi importante especialmente para aqueles enfermos idosos que naturalmente são mais vulneráveis ao tratamento radiológico convencional, que é tóxico e pode atingir outros órgãos. São pessoas que tem mais de 60 anos de idade e, por conta da agressividade da doença, dificilmente suportariam passar por todas as etapas até o transplante e a consolidação da medula. Agora, com a nova metodologia de irradiação, o paciente faz menos seções, com menor tempo de exposição aos raios e menor dosagem.

Segundo os médicos, os efeitos indesejados, como náuseas, alergias e cansaço severo diminuíram drasticamente. Mais: houve redução de 50% das chances de recidiva, situação em que mesmo após a conclusão do tratamento, a doença retorna. A IMT atinge todos os ossos do corpo e resguarda os órgãos. Ou seja, é uma técnica de grande seletividade. “A surpresa foi que pacientes muito doentes que não resistiriam ou em quem a doença voltaria, conseguiram bons resultados, com mais de 50% de chance de cura”, diz Nelson Hamerschlak, coordenador do Programa de Hematologia e Transplantes de Medula Óssea do Einstein.

A aposentada Roseli Rodrigues de Lima, de 63 anos de idade, passou pela IMT no Einstein por causa de uma leucemia mieloide aguda, entre setembro de 2019 e inicio de 2020. Ela conta que sua situação era de extrema gravidade. “A única alternativa era o transplante”, disse. Roseli foi submetida à nova radioterapia e conseguiu suportar todas as fases do tratamento. No dia 3 de janeiro, ela foi transplantada. “Após três meses tenho vida normal”, conta. Hoje, ela só reclama de ter ficado longe da família durante as celebrações de final de ano.