A primeira rede social a sair do ar no país de Vladimir Putin após a invasão da Ucrânia foi o TikTok. Vieram então restrições ao Facebook e a proibição total do Instagram. Apreensivos com a lei sancionada em março, que previa a prisão de quem “espalhasse informações falsas” ou chamasse o conflito de “guerra” em vez de “operação militar especial”, por exemplo, muitas empresas preferiram fechar as portas até que a situação se definisse. Além do temor por seus funcionários, as companhias passaram a ser vigiadas pelo Kremlin.

CONTROLE Weibo, o Twitter chinês: governo fiscaliza os temas mais comentados

O governo russo chegou a abrir um processo contra a Meta, dona do Facebook, por permitir discursos de ódio contra Putin e suas forças armadas. O vácuo gerado pela saída das big techs abriu uma brecha para que desenvolvedores oportunistas fizessem “clones” das redes sociais mais populares. O Instagram se transformou em Rossgram; o YouTube virou RuTube. Não há sequer uma tentativa de disfarçar a cópia, e os aplicativos estão na fase de atrair investidores. Apesar de a população vê-los com ironia e seguir usando os apps originais por meio de redes privadas, as VPNs, o incentivo do Kremlin representa uma oportunidade real de lucros para os envolvidos. “Já estávamos prontos para essa possibilidade. Não queríamos perder a chance de criar nossa versão de uma rede social popular e amada por nossos compatriotas”, diz Alexander Zubkov, fundador do Rossgram.

A ideia não é inédita. Quando o Twitter surgiu, em 2006, a China, que também não permite a livre circulação de ideias, proibiu o aplicativo e lançou a sua própria alternativa. O Weibo, criado pela Sina Corporation em 2009, permite ao governo controlar os temas pesquisados e fiscalizar os “trending topics”, os assuntos mais comentados. Foi por meio do Weibo, aliás, que as primeiras informações sobre o coronavírus começaram a circular na China. O partido comunista logo derrubou as postagens sobre o tema, o que prejudicou o compartilhamento de informações e permitiu que o vírus se espalhasse com rapidez. Controlar a informação que circula nas redes sociais pode agradar aos governantes de plantão, mas tem seu preço.