07/10/2022 - 9:30
Lula da Silva (PT) vai se aproximar de empresários do agronegócio – metiê hoje bolsonarista – e expoentes do partido contatam prefeitos de cidades-pólo nos Estados onde o presidente ficou sem palanque, como Minas Gerais e Goiás. Prometem mundos e fundos a alcaides de centro e direita. Lula é orientado também a evitar na mídia e nos debates a pauta progressista, para não perder votos por temas polêmicos. Bolsonaro, por sua vez, se entregou ao plano do filho Carlos, o Carluxo, que tomou a frente da campanha. Vai forçar o discurso de ataque a Lula com termos como “ladrão” e “ex-presidiário”, na TV e no rádio, e lembrar a roubalheira na Petrobras na Era PT (um fato, claro).
De programático, pouca coisa – o presidente já mostrou o que fez e se esgotou –, e vai mirar o voto das classes C e D com viagens prioritárias a Estados do Nordeste. O desafio de Bolsonaro é buscar o voto feminino e dos pobres. O de Lula é furar a bolha da classe média insatisfeita com o presidente, mas ainda antipetista.
Lula quer diálogo com o agro e eleitores da classe média que não votam em Bolsonaro. O presidente investirá no ataque ao petista e na classe C
PF: mais 555 agentes

Três dias antes da eleição, o presidente fez um agrado concreto à Polícia Federal, mirando votos da força policial no País. Soltou o Decreto 11.212, confirmando a nomeação de novos agentes. O texto não cita, mas serão nomeados mais 555 policiais da turma que se formou mês passado na Academia Nacional, cujos concursados foram aprovados em 2020.
Lobby corre para girar a roleta
Com dois gritões da forte bancada evangélica – Damares Alves e Magno Malta – será mais difícil para o lobby dos jogos de azar aprovar a volta dos bingos e cassinos no Senado de 2023. A turma corre a girar a roleta nos corredores para votação até a primeira semana de dezembro. O PL 442/91, que foi aprovado em fevereiro pelo plenário da Câmara dos Deputados, segue na Casa Alta à espera de designação de um relator, em regime de tramitação. Falta pouco para avançar – e a perspectiva de aprovação é grande, nas contas do setor. Em jogo, estão a criação de milhares de empregos, bilhões em impostos para a União e Estados, e mais turismo.
Damares promete ser a tia conservadora

Sem ressentimentos, com aliança reforçada. Foi o clima da conversa entre a senadora eleita Damares Alves (Republicanos) e o presidente Bolsonaro no começo da semana. Ele apostou em outra ex-ministra, a derrotada Flávia Arruda (PL). Damares prometeu ser seu cabo eleitoral nesse 2º turno e encampar no Congresso pautas da família. E ser a mais conservadora do Senado. Aliás, já pensa num projeto de lei para cercar os institutos de pesquisas, que subestimaram os números do presidente: a ementa cravará que será multado e temporariamente suspenso o instituto que errar em mais de 10% as análises sobre dados.
Moro já chega de olho no Palácio
Sergio Moro lavou a alma com sua vitória ao Senado. A votação expressiva no Paraná e a eleição da esposa para deputada federal em São Paulo, amparada apenas no sobrenome, o levam ao Congresso já candidato a presidente da República. O União Brasil comemora sua ascensão: o desgaste dos conhecidos presidenciáveis credenciam Moro à disputa como um xerife do povo que, pelo notório, aprovou a Operação Lava Jato. E os oito anos garantidos no mandato lhe asseguram a volta à Casa em eventual derrota. O desafio é Moro se mostrar um político, o que não convenceu como ministro.
Abstenção pode se repetir forte
A alta abstenção de votos no 1º turno (20,95%) pode ser ainda maior dia 30 — e ajudar um dos candidatos no resultado final. Dirigentes de partidos suspeitam de que muita gente não deve voltar às urnas nos Estados onde o governador foi eleito. Por má vontade ou rejeição a Lula e Bolsonaro.
O que dizer ao chefe?
Vice-presidente do PT, coordenador da campanha de Lula da Silva no Estado do Rio, Washington Quaquá tem de se explicar à Executiva. Em Maricá, único bunker do PT fluminense, onde Quaquá foi prefeito, ele se elegeu federal e ajudou a reeleger a ex-mulher Zeidan para a Assembleia. Mas Bolsonaro ganhou na cidade: 47,79% a 45,81% de Lula.
O desabafo do Barba
O desafio de achar um vice competitivo para a chapa, palatável a diferentes segmentos eleitorais, foi mais difícil que disputar a campanha. É a revelação de Lula da Silva a um interlocutor no jantar com empresários em São Paulo. “O Alckmin se filiar ao PSB e virar meu vice salvou as eleições no Brasil”, confidenciou o Barba.
Nos bastidores
Na farra com Tio Sam
Completou um ano o mandado de prisão expedido no STF contra Allan dos Santos, foragido nos EUA. Há 10 ‘Santos’ do Brasil na lista da Interpol. Nenhum deles é o blogueiro.
Um ‘fora’ nos pidões
Um empresário paulista do setor de tecnologia foi obrigado a desligar o celular parte do dia, e bloquear contatos, de tantas ligações de três candidatos de um partido. Pediam dinheiro para campanha.
Os sinais dos tempos
Ex-ministra do Meio Ambiente e voz no combate ao desmatamento, Marina Silva (Rede) teve menos votos (237.526) que Ricardo Salles (PL) (640.918), outro ex-ocupante da pasta, ligado a madeireiros e garimpeiros. Debate vai render no plenário.
Só a fusão salva
Dezenove partidos não conseguiram alcançar a cláusula de barreira e ficarão sem tempo de TV e fundo eleitoral. Terão de se fundir para sobreviver. Entre eles o PSC, PTB, Patriota, Solidariedade.