O anúncio de “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, como candidato brasileiro a uma vaga na disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro entrou para o noticiário na forma de uma ficção política. Como muitas vezes ocorre no cinema, o enredo foi dramatizado com pitadas de conspiração, revanchismo e injustiça. Ainda que não seja um candidato com chances reais de trazer para o Brasil a inédita estatueta, o filme recebeu a maioria dos votos da comissão convocada pelo Ministério da Cultura. Votaram nove representantes da indústria cinematográfica, entre eles a atriz e diretora Carla Camurati (de “Carlota Joaquina”) e o experiente diretor e produtor Bruno Barreto, que já concorreu ao Oscar com “O que é isso, Companheiro?”, em 1997.

“Pequeno Segredo” retrata um episódio real e delicado da família Schurmann, famosa por ter passado anos viajando pelo mundo a bordo de um veleiro. Para os jurados, ele reúne elementos capazes de sensibilizar a Academia de Hollywood. Para quem discorda, o critério foi outro. A escolha teria penalizado propositalmente “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho. Estrelado por Sonia Braga, o filme tem comovido o público e já venceu festivais na Holanda e Austrália. A recusa em promover “Aquarius” seria uma forma de o governo Temer punir a equipe que realizou um protesto durante o festival de Cannes, na França. Na ocasião, o elenco posou para fotos com cartazes chamando de golpe o impeachment de Dilma Rousseff. Os eleitores de “Pequeno Segredo” lamentaram a tentativa de politizar uma decisão que, segundo eles, foi rigorosamente cinematográfica. A lista dos filmes que concorrem ao Oscar sai em dezembro.

Confira o trailer oficial de “Pequeno Segredo”: