Se comprar uma calça virtual para vestir apenas nas redes sociais — ou no futuro metaverso — parece uma coisa distante, há um meio do caminho muito bem pavimentado em andamento. Isso porque a moda em NFT não está restrita apenas aos ambientes virtuais. Com o “phygital”, modalidade que mistura os termos “physical”, em inglês, com digital, os tokens não fungíveis se tornam certeza de exclusividade com valor agregado além das criptomoedas. Clube de vantagens, provador virtual, descontos exclusivos e “cashback”, quando se recebe uma parte do valor gasto, são alguns dos benefícios acoplados a essa nova forma de consumir.

A Pantys, empresa de calcinhas absorventes brasileiras, foi a primeira do País a comercializar NFTs. Para combater a pobreza menstrual, a marca lançou diversas imagens colecionáveis na plataforma Open Sea, a maior do mundo quando o assunto é compra e venda de tokens não fungíveis. Ela funciona como uma carteira de investimentos de um banco, mas no lugar de ações de uma empresa, por exemplo, é possível adquirir toda a sorte de NFTs. Pode ser uma imagem, uma música, um livro virtual ou o que for: todos esses objetos possuem um sequenciamento único, uma senha formada em blockchain, que possui valor em criptomoeda e selo de autenticidade. Ao comprar um NFT da Pantys — uma das imagens à venda mostra uma calcinha com uma frase motivacional na parte traseira — o comprador investe em uma causa essencial para a realidade brasileira e aumenta a própria coleção de arte digital com uma foto sensual, mas não vulgar.

A Pampili, marca brasileira de moda infantil, criou um tênis digital em NFT com o objetivo de leiloá-lo para arrecadar dinheiro para uma ONG de proteção à criança. Além da versão digital, o vencedor do leilão levou um par verdadeiro para casa. A ideia de usar os tokens não fungíveis surgiu para tentar convencer os apaixonados por criptomoedas a se juntarem à causa. E não precisa entender de Bitcoin ou Etherium para participar desse universo. Esses NFTs podem ser comprados em reais ou em dólares.

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Já a marca de roupas Aramis decidiu ousar e lançar uma NFT que promete uma jaqueta física com elementos de IoT (Internet das coisas, na sigla em inglês). Apesar de só receber o produto em maio, os seletos compradores, foram 30 peças ao todo, passam a fazer parte de um clube de vantagens que dá uma série de descontos, “cashback” e possibilidade de encontrar-se pessoalmente com o trendhunter e garoto propaganda da marca, o ator Cauã Raymond. “Quando vi o produto nas redes sociais, quis comprar na hora”, diz o empresário Marcos Fenirich, de 51 anos. Além de ser seu primeiro NFT, é a primeira peça de roupa que possui uma bateria externa e tecnologia de aquecimento. Fenirich não se incomoda de comprar, em um primeiro momento, apenas a ideia do produto. “É como na infância, quando você pede algo no Natal. Você sabe que vai ganhar, mas demora a chegar”, diz.

A presença de grifes de luxo no metaverso começou de maneira tímida, com destaque para grifes como a Louis Vuitton lançando coleção para “League of Legends”, mas hoje já existe o “Metaverse Fashion Week”, que na primeira edição, em março, reuniu marcas internacionais como Puma e Dolce & Gabbana. O objetivo do evento é adquirir as chamadas “skins”, peles, roupas e estampas que vestem avatares e decoram a casa virtual. A Gucci lançou antes da pandemia um tênis de US$ 9, similar a um filtro de Instagram, que poderia ser vestido através de realidade aumentada. Hoje a casa italiana tem a própria loja virtual, a Vult. A brasileira O Boticário abriu sua própria loja virtual dentro do jogo “Avakin Life” em uma ação de marketing durante o Carnaval. Ali os personagens do jogo tiveram a oportunidade de modificar as suas “skins”, dando um trato no cabelo e na maquiagem.