10/12/2021 - 9:30

É impensável que em plena segunda década do século XXI ainda exista um país governado como Mianmar. Mas ele existe com todo o seu despótico obscurantismo e regime político totalitário. De tempos em tempos, dá prova disso. A mais recente aconteceu na semana passada. Um tribunal de exceção, a portas fechadas, condenou a ex-líder civil Aung Sant Suu Kyii a dois anos de prisão sob acusações sem provas: incitação à dissidência (leia-se não concordar com ditaduras) e violação das restrições de contenção da pandemia de Covid. É tudo mentira. O que os militares – que a depuseram em fevereiro com um golpe de Estado – chamam de “violação” é o fato de Suu Kyii, com máscara e anteparo facial, ter acenado do interior de sua casa, onde estava isolada, aos apoiadores de seu partido, a Liga Nacional pela Democracia, nas eleições do ano passado. A pena, inicialmente, foi estabelecida em quatro anos de prisão, mas foram tantos os protestos e manifestações que os militares golpistas decidiram reduzi-la à metade. Diversos analistas políticos internacionais classificaram o julgamento de Suu Kyii como “uma grande farsa”. Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Européia, exigiu a “libertação imediata e incondicional de todos os prisioneiros políticos no país”. Suu Kyii é acusada de corrupção em mais de cem processos. Ainda que ela seja culpada, tem direito a um julgamento legal e não de exceção.
ANIMAÇÃO
Nicolás Maduro e o Súper Bigote são ridículos

A vocação para o totalitarismo não tem senso de ridículo. Motivo: ela alucina, é poço sem fundo, em uma espécie de transtorno obsessivo compulsivo acredita que sua imagem é diuturnamente mais valorizada. O mais recente exemplo disso na América Latina vem do ditador venezuelano Nicolás Maduro. Ele e equipe de seu governo criaram a animação Súper Bigote (Super Bigode), e o personagem super-herói é baseado nele próprio. A TV estatal está exibindo os capítulos: o Super Bigode é operário, tem capa e mão de ferro. Diz no seriado que sua missão é combater o império americano. Os seus adversários, no seriado, são representados como galinhas. E a mais grotesca peça de propaganda vista nos últimos tempos.
LIVROS
Excelente aula de História

Desembarca nas livrarias a partir da segunda-feira 13 o novo livro do historiador Marco Antonio Villa, colunista de ISTOÉ, mestre em Sociologia e doutor em História. Intitulado Um País chamado Brasil, a obra é leitura obrigatória para quem quiser compreender o que se passou no País ao longo de cinco séculos e, em decorrência, por quais motivos temos hoje tantas mazelas sociais, políticas e econômicas. Defensor da democracia e do Estado de Direito, Villa mantém em todo o livro a sua corajosa independência intelectual de análise e crítica. O livro (Editora Planeta) será lançado, com a presença do autor, na Livraria da Vila, no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. “Não é tarefa fácil escrever um livro que englobe mais de cinco séculos de história”, diz o autor.
SOCIEDADE
Bilionários ficaram US$ 3,7 trilhões mais ricos ao longo de 2020
Foi divulgado na semana passada o relatório Desigualdade Mundial, elaborado por um grupo de notáveis que conta com a participação do economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller O capital no século XXI. Diz o relatório que, desde 1995, as pessoas que compõem o 1% mais rico do planeta ficaram com 38% da riqueza globalmente produzida; já os 50% mais pobres estão com somente 2%. A riqueza dos bilionários mundiais engordou US$ 3,7 trilhões no ano passado. Só para se ter uma ideia desse montante, o mundo inteiro gastou em 2020, na área da saúde, US$ 4 trilhões. “Durante a crise da Covid-19 houve a exacerbação desse padrão que observamos desde o início da década de 1990. Há diversificações entre as regiões do mundo, mas a parte mais empobrecida tem sistematicamente menos de 5% da riqueza”, explica o economista Lucas Chancel, principal autor do relatório.