15/07/2022 - 9:30
A ocorrência da situação de parada cardíaca é ao mesmo tempo comum e, hoje, desesperadora, pois eventos do tipo geralmente acontecem em casa e são presenciados por crianças e outros familiares não aptos a agir rapidamente para salvar vidas. Trata-se da principal causa de mortes de adultos em todo o mundo. No Brasil não é diferente, representa mais de trezentos mil óbitos por ano.
Acontece, porém, que esse quadro pode ser alterado. E é com esse intuito que o Global Resuscitation Alliance, uma parceria internacional de profissionais de saúde, que inclui cardiologistas, está propondo com o lançamento do protocolo: “Transformando Ciência em Ação: Dez Etapas para aumentar as chances de sobrevivência em casos de parada cardíaca”. As orientações foram fundamentadas no que acontece nas cidades norte-americanas de Seattle e King County, em Washington, onde se conseguiu atingir as maiores taxas de sobrevivência de todo o mundo, superior a 50%, após o acontecimento de uma parada cardíaca súbita.

Quando o coração para de bater fora do ambiente hospitalar, comumente, apenas 2% das pessoas sobrevivem, dependendo do país em que ocorre. No Brasil, a taxa não passa de 5%. Sergio Timerman, diretor do Centro de Parada Cardíaca & Ressuscitação do Instituto do Coração e membro do comitê que elaborou o programa de saúde a ser implementado internacionalmente, afirma que colocar em prática as novas diretrizes médicas de ressuscitação é essencial para melhorar as possibilidades de sobrevivência em caso de parada cardíaca. “A realização do programa é necessária para salvarmos mais vidas. Devemos sensibilizar a população e efetuar treinamento de qualidade continuo”, diz.
1 O ponto de partida para aumentar as chances de sobrevivência de pessoas em casos de parada cardíaca, segundo as diretrizes elaboradas pelo Global Resuscitation Alliance, é registrar de forma clara todas as ações que foram tomadas desde que houve a percepção de que o coração do paciente parou de bater.
2 O segundo passo do programa é a atenção despendida pelo sistema de atendimento telefônico de emergência. Ou seja, o profissional de saúde que atender a ocorrência, geralmente um médico, deve receber treinamento de qualidade contínuo para que não haja perda de tempo ao se prestar os primeiros socorros.
3 O terceiro item dedica-se também à estrutura do serviço de emergência. O suporte prestado tem que estar apto a orientar quem está do outro lado da linha para que se inicie as manobras que podem trazer a pessoas de volta à vida.
4 A etapa seguinte do programa orienta que esse primeiro apoio telefônico além de explicar como as ações devem ser feitas, tem de indicar a ida do enfermo rapidamente ao hospital.
5 O uso do desfibrilador. A máquina envia choques de energia elétrica ao coração é de vital importância para o socorro emergencial, o equipamento também grava como o salvamento foi feito, algo que auxilia o médico a medir como esse trabalho se deu e oferecer um atendimento mais preciso.
6 Imediatamente deve ser iniciado um plano de utilização de desfibrilador por socorristas antes do atendimento hospitalar. Policiais e outros profissionais presentes no cotidiano da comunidade devem ser treinados. Está demonstrado que o equipamento salva vidas.
7 A sétima fase do programa refere-se ao emprego de tecnologias inteligentes para estender o esquema de ressuscitação. Ou seja, o uso de equipamentos como o drone e também de aplicativos. O drone pode levar o desfiblilador até a pessoa que está prestando o socorro. E os aplicativos indicam o local mais próximo do doente em que há o equipamento e gente habilitada a usá-lo.
8 É fundamental tornar o plano de desfibrilação e ressuscitação comunitários. Tanto as crianças como os trabalhadores escolares precisam ser treinados a realizar as primeiras manobras de salvamento.
9 As crianças de 3 a 4 anos de idade são capazes de pegar o telefone e ligar para uma central de emergência. De 10 a 12 anos, além de realizar a ligação também podem fazer a massagem cardíaca. Os jovens a partir dos 14 anos podem agir em eventos de parada cardíaca como se fossem adultos.
10 O último estágio do programa para melhorar a possibilidade de sobrevivência das pessoas em situação de parada cardíaca coaduna as etapas do que foi elaborado por esse esforço da comunidade médica global. Vamos a elas. Formar uma equipe que desenvolva o programa localmente; fazer com que a comunidade esteja sensibilizada do quão é necessário ter esse plano em funcionamento; definir a meta de que a pessoa seja atendida em período abaixo de cinco minutos. O projeto tem de obter a adesão do poder público nos três níveis: municipal, estadual e federal; estabelecer padrões de desempenho, e, se necessário, implementar testes e comunicar o público que o sistema de emergência está em condições de realizar a assistência. Para finalizar, o programa deve ser celebrado e defendido sempre.