Viver mais e de forma saudável é o desejo de muitos e a realidade de alguns. Segundo pesquisa divulgada em 2021 pela Organização Mundial da Saúde (ONU), a expectativa de vida no mundo é de 71 anos. No entanto, algumas regiões do planeta superam a estimativa mundial e possuem moradores com mais de 100 anos e foram chamadas de Blue Zones ou Zonas Azuis. Na ilha de Icária, na Grécia, 1 a cada 3 pessoas chegam aos 90 anos. Já em Okinawa, no Japão, a cada 100.000 pessoas, 35 chegarão aos 100 anos, número cinco vezes maior do que o resto do país.

A partir dessas informações e de pesquisas realizadas pelo demógrafo belga Michel Poulain e pelo médico Gianni Pes, o empresário e escritor americano, Dan Buettner, percorreu o destino das chamadas zonas azuis, definidas como as regiões em que os habitantes vivem acima da média, e envelhecem de forma saudável e feliz. As cinco regiões estão na ilha de Icária, na Grécia; Loma Linda, na Califórnia (EUA); Okinawa, no Japão; na península de Nicoya, na Costa Rica e no vilarejo de Nùoro, na Sardenha, na Itália. Contrariando o consenso genético, Buettner verificou que o estilo de vida era o elemento fundamental na longevidade dos mmoradores e, em 2005, cunhou o termo zonas azuis em reportagem na National Geographic.

LAÇOS: Manter as relações familiares e fortalecer os vínculos sociais promove a longevidade (Crédito:Divulgação)

Entre os hábitos que aumentam a expectativa de vida dos moradores dessas regiões, destacam-se: estar em movimento, ter um propósito de vida, saber desacelerar, comer o necessário, pertencer a uma comunidade, manter as relações familiares e os círculos sociais. Nessas áreas, as atividades físicas estão ligadas às tarefas do cotidiano, como deslocar-se pela cidade, praticar jardinagem e caminhadas por ladeiras e morros. Com isso, o fortalecimento cardíaco e muscular, tão necessário ao longo da vida, se consolida sem a exaustão de apenas uma hora em uma academia. Outro elemento importante é a espiritualidade. Em Loma Linda, a comunidade Adventista é muito forte e, fazer parte de uma comunidade acrescenta de quatro a 14 anos na expectativa de vida.

ERIC LAFFORGUE

Patrimônio alimentar

A nutricionista Carolina Pimentel esteve em Loma Linda, na Califórnia, em um congresso sobre o tema e destaca a importância da alimentação ao longo da vida. “Estamos falando de um grupo de alimentos como frutas, hortaliças, cereais, grãos integrais e sementes oleaginosas como o centro da alimentação. No caso da Itália, a dieta do mediterrâneo traz o azeite como fonte majoritária de gordura. Carne vermelha, aves de um modo geral, leites e derivados com moderação. As carnes, de uma maneira geral, bem mais restritas e a valorização por produtos feitos regionalmente”, destaca.

Algumas características da alimentação dos moradores das zonas azuis podem ser adaptadas ao cardápio brasileiro. Segundo Carolina Pimentel, valorizar nossas tradições através da culinária afetiva e do caderno de receitas da família é uma forma de aproximação de hábitos saudáveis para a longevidade. “A gente tem um padrão de dieta brasileira, como base, que é muito saudável. Estamos falando de meio prato de hortaliças e outro de arroz e feijão. Essa combinação do arroz e do feijão, que é um patrimônio nosso, a gente precisa proteger, apoiar e estimular, porque nutricionalmente é bem equilibrado e é justamente isso que é um padrão de dieta baseada em vegetal”, ressalta.