A temida força da natureza deixou Américas Central e Latina em sobreaviso. O Vulcão de Fogo, na Guatemala, e o Láscar, no Chile, entraram em erupção no sábado, dia 10. Esse último soltou uma coluna de fumaça de seis quilômetros de extensão, assustando a população e alarmando governantes – até mesmo de países próximos. Em 2011, o Brasil teve voos cancelados por causa das partículas do Puyehue, no Chile. Agora, especialistas advertem que a poeira pode atingir o País, mas é necessário monitoramento constante antes de qualquer alarde.

ASSUSTADOR Chile: nuvem gigante de seis mil metros de extensão fez autoridades determinarem ações preventivas (Crédito:PEDRO TAPIA)

Na Cidade da Guatemala, o Fogo teve explosões com cinzas que se elevaram a mais de um quilômetro. Em 2018, o vulcão provocou 215 mortes, o que aumenta o temor. Desta vez, o Aeroporto Internacional La Aurora foi fechado. Mas, no domingo, 11, as atividades cessaram. “Após várias horas de relativa calma, pode-se dar por finalizada a atividade eruptiva”, informou Roberto Mérida, técnico do instituto guatemalteco.

Também no sábado, o Láscar fez as autoridades chilenas decretarem “alerta amarelo” por intensa fumaça, gases quentes e tremores de terra. O Serviço Nacional de Geologia e Minas estabeleceu um perímetro de isolamento a cinco quilômetros da cratera. Em 1993, cinzas do mesmo vulcão chegaram até Porto Alegre. Por isso, há sempre receio do lado brasileiro. “Estamos muito longe”, acalma Hugo Cassio Rocha, geólogo e professor de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Segundo ele, as duas estruturas são do tipo estratovulcão: em forma de cone, formado pelo magma extravasado. “A boca entope, a pressão cresce e, quando explode, joga muita coisa na atmosfera. O material particulado viaja e pode chegar até aqui, mas vai depender do vento e do tipo de erupção.”

Existem quase 200 vulcões na América do Sul. “É difícil precisar, pois alguns têm várias bocas”, analisa Rocha. Além disso, a tecnologia ainda não é capaz de avisar quando um deles despertará. “Ajuda em termos, já que é possível prever com pouca antecedência se há aumento de vibração. Mas o estratovulcão é traiçoeiro”, observa. No Brasil, o arquipélago de Fernando de Noronha tem origem vulcânica. O geólogo tranquiliza os turistas: “Não temos nenhum vulcão ativo”.