“Estou rejeitando a sentença desse tribunal”, declarou o ex-general croata Slobodan Praljak, de pé e olhando fixamente para o juiz Carmel Agius que acabara de anunciar a decisão de manter-lhe a pena de vinte anos de prisão devido a crimes de guerra. “Cale-se e sente-se”, respondeu energicamente o juiz. Praljak abriu então um pequeno frasco de plástico, o levou à boca e bebeu o líquido nele contido. Mais uma vez olhou para o magistrado. E disparou:

“Tomei veneno”.

Era a quarta-feira 29, e a sessão da Corte Penal Internacional, na cidade holandesa de Haia, foi imediatamente suspensa. Médicos improvisaram os primeiros socorros ao suicida e o transportaram de helicóptero a um hospital. Pouco depois, ele morreu. O recurso jurídico negado pelo tribunal e a confirmação da sentença referem-se aos crimes contra a humanidade cometidos pelo ex-general ao longo da Guerra da Bósnia (1991-1995), sobretudo na destruição da cidade Ponte de Mostar, cenário das mais sanguinárias batalhas entre croatas e muçulmanos bósnios. Antes da guerra, Praljak trabalhava como cineasta, mas trocou a carreira pelo exército assim que o conflito foi deflagrado. A sua trajetória deu-se de forma meteórica e logo ele se viu promovido a general. Estima-se que Praljak seja responsável pelo extermínio de duas mil pessoas. Anunciado o seu suicídio, o primeiro-ministro da Croácia, Andrej Plenkovic, declarou que o ex-general sofrera “uma irreparável injustiça praticada pelo tribunal”. Melhor seria se tivesse se calado. Ao longo da jornada humana, jamais se viu militares inocentes sairem vivos das trincheiras e se renderem à morte num tribunal. Ao contrário. Ao que já se assistiu, e muito, foi o suicídio de carrascos de guerra que se autojulgam imortais enquanto detêm o poder.

Economia
Contas públicas têm superávit

As contas do setor público, abrangendo governo federal, estados, municípios e empresas estatais, registraram superávit primário em outubro: R$ 4,75 bilhões. É a primeira vez que isso ocorre após cinco meses no vermelho. A notícia, é claro, é muito boa – ainda que, em outubro de 2016, o superávit tenha sido de R$ 39,58 bilhões porque houve receita extra de R$ 46,8 bilhões em recursos repatriados do exterior.

Coreia do |Norte 
Washington na mira

AFP photo

Quando não é um, é o outro. Mas são sempre eles, Donald Trump e Kim Jong-un, que estão envolvidos em provocações bélicas a amedrontar o mundo. Dessa vez foi Trump quem provocou, o que não diminui em nada a loucura de Kim Jong. O presidente dos EUA incluiu a Coreia do Norte no rol dos países que “promovem o terror”. Na quarta-feira 29 veio o desproporcional troco do ditador coreano, testando um míssil capaz de atingir todo o território continental americano (leia-se Washington). Trata-se do “Hwasong-15”, que percorreu uma distância de 960 mil quilômetros.

Religião
Iemanjá vai ficar sem oferenda?

Tomaz Silva/Agência Brasil

A Prefeitura do Rio de Janeiro, sob a alegação de que a área da saúde é prioritária (como se ela investisse nisso), cortou a verba de uma das mais tradicionais e bonitas festas religiosas do País: a procissão Barco de Iemanjá, em Copacabana. Com R$ 20 mil o evento se garante, mas nem isso o prefeito quer dar. Pela internet, a Congregação Espírita Umbandista do Brasil tenta arrecadar dinheiro.

84%

dos brasileiros não sabem responder quem poderia tirar o Brasil da crise na qual se encontra. 16% responderam que a única pessoa capaz de ajudar o País seria o papa Francisco. Mais: 92% dos entrevistados acham que todos os políticos, invariavelmente, são corruptos. Dados do Instituto Locomotiva.

Tragédia
Encerradas as buscas por tripulação do ARA San Juan

Marina Devo

Embora não tenha oficialmente admitido a morte dos 44 tripulantes do submarino ARA San Juan, que há duas semanas teria explodido a mais de 500 metros de profundidade, a Marinha argentina deu por finalizada a “etapa de resgate de pessoas” – é o mesmo que falar que não há sobreviventes. Assim, na quinta-feira 30, deixou de sobreviver também a esperança dos familiares que, confortando uns aos outros, abandonaram a base de Mar del Plata (foto) onde permaneciam há dias à espera de notícias de seus parentes desaparecidos. A Marinha centrará seus esforços, agora, somente na busca do submarino (ou de partes dele).