20/05/2016 - 20:00
A definição da nova equipe econômica, com nomes como Henrique Meirelles, na Fazenda, Ilan Goldfajn, no Banco Central, Mansueto Almeida, na Secretaria de Acompanhamento Econômico, e Maria Silvia Bastos Marques, no BNDES, foi saudada pelos agentes do mercado financeiro como um “time dos sonhos”. Esperava-se que, com um diagnóstico eficaz da crise fiscal, fosse possível ajustar as contas, eliminar subsídios e encaminhar reformas estruturais, como a da Previdência.
No entanto, nos primeiros dias após o anúncio da equipe, houve alta forte do dólar e queda acentuada dos mercados acionários. Um dos motivos, claro, foi a piora no quadro internacional e a expectativa de que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, eleve os juros. Mas há também a percepção de que, independentemente da qualidade da equipe, haverá dificuldades para promover mudanças importantes enquanto Michel Temer for apenas presidente interino. Isso porque a lógica da política precede a economia. CPMF antes do julgamento definitivo da presidente Dilma Rousseff? Improvável. Reforma da previdência? Muito menos.
Como não haverá medidas de impacto, ministros do governo Temer, como Geddel Vieira Lima, já passaram a tratar de um déficit orçamentário de até R$ 200 bilhões em 2016. O risco, se houver demora na aplicação de ajustes, é que o Brasil sofra novos rebaixamentos das agências de risco, deteriorando ainda mais um quadro econômico que já é terrível.
O governo Temer vive, portanto, um dilema. Se aplicar medidas duras agora, correrá o risco de agravar a recessão, ampliar tensões sociais e perder a votação definitiva no Senado. No entanto, se não fizer nada, poderá também frustrar expectativas do mercado financeiro e minar justamente aquela que era a sua promessa inicial: a de resgatar a confiança. Os primeiros sinais do mercado financeiro após a troca de comando em Brasília já refletem uma certa frustração dos agentes econômicos. As próximas semanas serão decisivas.