30/06/2023 - 8:00
A vida imitando a arte ou vice-versa é o que parece a descoberta dos especialistas do Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Juntamente com uma equipe iraquiana, eles encontraram um templo nas ruínas da cidade de Ninrud, no norte do Iraque. Localizada aproximadamente a 30 quilômetros ao sul de Mosul, cidade capturada pelo Estado Islâmico (ISIS) em 2014, Ninrud sofreu com a destruição causada pelo grupo fundamentalista com o objetivo de apagar a cultura não islâmica da região; o sítio arqueológico da cidade começou a ser destruído com marretas, bombas e escavadeiras.
Em 2023, com o término do domínio da região pelo grupo islâmico, os arqueólogos começaram a segunda temporada de escavações em Ninrud, que foi a antiga cidade de Kalhu e serviu como capital do glorioso Império Assírio há quase três mil anos.
Durante a retomada das escavações, os pesquisadores tiveram uma grata surpresa: a descoberta de um monumento de pedra retratando a deusa Ishtar, dentro de um símbolo de estrela. O templo, dedicado à antiga divindade mesopotâmica – associada ao amor e à guerra e considerada a primeira deusa da história- resistiu à destruição por duas vezes.
O assentamento de Nimrud foi construído ao longo do Rio Tigre, e transformou-se em uma cidade assíria próspera entre os anos de 1350 a.C e 610 a.C, com grandes palácios e templos impressionantes, além de lajes de pedra monumentais com inscrições cuneiformes, sistema de escrita utilizado na região do Oriente Médio durante a Idade do Bronze, incluindo os assírios.
Nas escavações anteriores, a mesma equipe de arqueólogos já havia encontrado um palácio pertencente ao rei assírio Adad-Nirari III, que reinou entre 810 a.C. e 783 a.C. Também foram descobertas duas bases de colunas ricamente esculpidas, evidenciando a impressionante decoração do palácio.
Dentro da sala do trono, os pesquisadores recuperaram evidências de uma grande bacia de pedra, possivelmente utilizada para aquecimento. Nela, havia fragmentos de marfim e cascas de ovos de avestruz, indicando uma cultura da elite da época e reforçando o status do rei que habitou o local.
O grupo também descobriu representações detalhadas de soldados, cavalos e pessoas carregando presentes em muitas das faixas de bronze que adornavam o portal de cedro, com quase três metros de largura. Essas descobertas revelam a riqueza e a magnitude que existiam na antiga cidade de Ninrud, antes de sua trágica destruição.