25/11/2022 - 9:30
Os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (que não foi) e Rodrigo Pacheco, respectivamente, usaram a COP27 para fazer campanha pela reeleição aos cargos. Foram convidados para comitiva ao Egito 20 deputados de 14 partidos, e 13 senadores de nove partidos, todos escolhidos a dedo, nomes influentes em suas bancadas. O afago mira votos de parlamentares para a eleição em fevereiro. Ambos telefonaram para os colegas, fazendo questão de dizer que foram seus convidados pessoais — e o passeio pago com verba pública (o reembolso da diária chega a US$ 500). Só foi chamado quem se reelegeu para o Congresso. Lira deixou para trás o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Pedro Vilela, que perdeu a eleição e será um voto a menos. Ele atuou tão forte que redirecionou da Secretaria de Relações Internacionais para a Presidência da Câmara a organização do passeio, que rendeu cenas grotescas como a do deputado Fabinho Ramalho, de calça jeans e chinelos, na foto com o presidente eleito Lula.
Lira e Pacheco usaram a caneta e o poder do cargo para levar à COP27 parlamentares influentes, mirando votos para suas reeleições em fevereiro
O poder de Anderson

Ex-ministro dos Transportes no 1º Governo de Lula da Silva, Anderson Adauto surpreendeu muita gente ao aparecer no grupo temático de Minas e Energia. É que ele coordenou a campanha de Lula em Minas, já revelou a Coluna. Adauto não é mais da cota do agora bolsonarista Valdemar Costa Neto, do PL, que o emplacou ministro em 2003. Adauto é de Lula.
E o plano duplo do MDB deu certo
O MDB está no Governo desde a redemocratização. Está no DNA o bom trânsito político pela sobrevivência dos filiados com o argumento da governabilidade. Deu certo esse plano duplo: Quieto em casa, o líder maior Michel Temer não tomou lado. Enquanto o presidente Baleia Rossi, seu afilhado, liberou Simone Tebet para anunciar apoio a Lula no 2º turno. Bolsonaro eleito, tudo ficaria como está, e Tebet levaria sozinha o ônus da candidatura. Lula eleito, vê-se o partido posar, sem vergonha e aos poucos, ao lado da senadora e estima-se que a bancada da Câmara entrará pelas portas laterais da Esplanada até tomar um ministério, em julho.
Os abatidos de 2022 querem Vendeta

Entre os feridos da eleição, há dois casos que terão consequências em 2026. No DF, o casal Arruda – José Roberto, inelegível, e a ex-ministra Flávia – sumiu da rua no 2º turno. Aliada de Bolsonaro, Flávia viu Damares Alves crescer pelas mãos da primeira-dama Michelle e ser eleita. Em Pernambuco, após ser rifada em duas eleições com chances, Marília Arraes assistiu ao seu favoritismo derreter para Raquel Lira. Não foi só a solidariedade do eleitor a Raquel. Marília foi traída pelo PT, que não ajudou na campanha de rua. Os Arruda e Marília, com espólio eleitoral considerável, não esquecerão o que passaram.
Guedes segura compadre no SEBRAE

O rompimento do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, com os Bolsonaro tem nome: Paulo Guedes. O ministro da Economia, de saída, quer garantir seus afilhados em postos-chaves. Ligou para diretores do BB e Caixa, e virou votos na eleição para manter na presidência do Sebrae-RJ o primo da esposa, Antônio Alvarenga. Castro trabalhou intensamente pela candidatura do deputado federal Vinícius Farah à presidência da entidade. Mas o governador usa a crise como pretexto para se aproximar de Lula. O Rio está em recuperação fiscal e depende totalmente da União para segurar as contas.
Lula não cede: anúncio em bloco
A não ser que mude de ideia, e revele em alguns dias o nome para Fazenda, Lula anunciará os ministros – que passarão de 30 – de uma única vez em Brasília, e o porta-voz será Alckmin. É o que o presidente eleito confidenciou a amigos no Egito e em Portugal, na passagem por estes países.
MMA blinda assessor
É David Boutsiavaras o ex-assessor do ex-ministro Ricardo Salles investigado na Corregedoria do Ministério do Meio Ambiente por suspeita de assédios contra funcionárias. O processo disciplinar é o de nº 02000.002992/2022-59, e, blindado, só foi possível confirmá-lo pela Lei de Acesso à Informação. Ele foi demitido em junho de 2022.
E o futuro de Ciro?
Não é segredo na praça que o futuro do PDT é a aliança com o Governo de Lula da Silva. Mas e o do presidenciável Ciro Gomes, hoje opositor e praticamente um inimigo do presidente eleito? Comandante do partido, Carlos Lupi foi a Fortaleza ter uma conversa com Ciro. E mostrar que a aliança é inevitável. Ciro pode estar de saída.
Nos bastidores
A confissão é diária
Há uma semana Bolsonaro tem recebido no Palácio da Alvorada, todo dia, um padre do Guará, satélite do DF. Ficam a sós por mais de uma hora. Às vezes, Michelle acompanha.
Um amigo no Tribunal
O presidente Bolsonaro ataca o STF, mira Alexandre de Moraes, mas evita criticar Dias Toffoli, o ex-petista na Corte mais ligado a Lula. Bolsonaro e o ministro são amigos de longa data. E se visitam.
Trilhos da discórdia
A Vale e a ANTT anteciparam a negociação da renovação de autorização da Ferrovia Vitória-Minas. Prefeitos da rota do trilho estão tensos porque a mineradora pode retirar do texto promessas de novos viadutos e melhorias em mobilidade urbana.
Lula & peixe à mesa
É falsa a notícia de que Lula gastou 9 mil euros num almoço em Lisboa. Ele e esposa foram ao Cícero Bistrot, comeram robalo com camarão ao molho de dendê. O restaurante é do pernambucano Paulo Nora.