Os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (que não foi) e Rodrigo Pacheco, respectivamente, usaram a COP27 para fazer campanha pela reeleição aos cargos. Foram convidados para comitiva ao Egito 20 deputados de 14 partidos, e 13 senadores de nove partidos, todos escolhidos a dedo, nomes influentes em suas bancadas. O afago mira votos de parlamentares para a eleição em fevereiro. Ambos telefonaram para os colegas, fazendo questão de dizer que foram seus convidados pessoais — e o passeio pago com verba pública (o reembolso da diária chega a US$ 500). Só foi chamado quem se reelegeu para o Congresso. Lira deixou para trás o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Pedro Vilela, que perdeu a eleição e será um voto a menos. Ele atuou tão forte que redirecionou da Secretaria de Relações Internacionais para a Presidência da Câmara a organização do passeio, que rendeu cenas grotescas como a do deputado Fabinho Ramalho, de calça jeans e chinelos, na foto com o presidente eleito Lula.

Lira e Pacheco usaram a caneta e o poder do cargo para levar à COP27 parlamentares influentes, mirando votos para suas reeleições em fevereiro

O poder de Anderson

Ernesto Rodrigues

Ex-ministro dos Transportes no 1º Governo de Lula da Silva, Anderson Adauto surpreendeu muita gente ao aparecer no grupo temático de Minas e Energia. É que ele coordenou a campanha de Lula em Minas, já revelou a Coluna. Adauto não é mais da cota do agora bolsonarista Valdemar Costa Neto, do PL, que o emplacou ministro em 2003. Adauto é de Lula.

E o plano duplo do MDB deu certo

O MDB está no Governo desde a redemocratização. Está no DNA o bom trânsito político pela sobrevivência dos filiados com o argumento da governabilidade. Deu certo esse plano duplo: Quieto em casa, o líder maior Michel Temer não tomou lado. Enquanto o presidente Baleia Rossi, seu afilhado, liberou Simone Tebet para anunciar apoio a Lula no 2º turno. Bolsonaro eleito, tudo ficaria como está, e Tebet levaria sozinha o ônus da candidatura. Lula eleito, vê-se o partido posar, sem vergonha e aos poucos, ao lado da senadora e estima-se que a bancada da Câmara entrará pelas portas laterais da Esplanada até tomar um ministério, em julho.

Os abatidos de 2022 querem Vendeta

Genival Paparazzi/

Entre os feridos da eleição, há dois casos que terão consequências em 2026. No DF, o casal Arruda – José Roberto, inelegível, e a ex-ministra Flávia – sumiu da rua no 2º turno. Aliada de Bolsonaro, Flávia viu Damares Alves crescer pelas mãos da primeira-dama Michelle e ser eleita. Em Pernambuco, após ser rifada em duas eleições com chances, Marília Arraes assistiu ao seu favoritismo derreter para Raquel Lira. Não foi só a solidariedade do eleitor a Raquel. Marília foi traída pelo PT, que não ajudou na campanha de rua. Os Arruda e Marília, com espólio eleitoral considerável, não esquecerão o que passaram.

Guedes segura compadre no SEBRAE

Lorando Labbe

O rompimento do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, com os Bolsonaro tem nome: Paulo Guedes. O ministro da Economia, de saída, quer garantir seus afilhados em postos-chaves. Ligou para diretores do BB e Caixa, e virou votos na eleição para manter na presidência do Sebrae-RJ o primo da esposa, Antônio Alvarenga. Castro trabalhou intensamente pela candidatura do deputado federal Vinícius Farah à presidência da entidade. Mas o governador usa a crise como pretexto para se aproximar de Lula. O Rio está em recuperação fiscal e depende totalmente da União para segurar as contas.

Lula não cede: anúncio em bloco

A não ser que mude de ideia, e revele em alguns dias o nome para Fazenda, Lula anunciará os ministros – que passarão de 30 – de uma única vez em Brasília, e o porta-voz será Alckmin. É o que o presidente eleito confidenciou a amigos no Egito e em Portugal, na passagem por estes países.

MMA blinda assessor

É David Boutsiavaras o ex-assessor do ex-ministro Ricardo Salles investigado na Corregedoria do Ministério do Meio Ambiente por suspeita de assédios contra funcionárias. O processo disciplinar é o de nº 02000.002992/2022-59, e, blindado, só foi possível confirmá-lo pela Lei de Acesso à Informação. Ele foi demitido em junho de 2022.

E o futuro de Ciro?

Não é segredo na praça que o futuro do PDT é a aliança com o Governo de Lula da Silva. Mas e o do presidenciável Ciro Gomes, hoje opositor e praticamente um inimigo do presidente eleito? Comandante do partido, Carlos Lupi foi a Fortaleza ter uma conversa com Ciro. E mostrar que a aliança é inevitável. Ciro pode estar de saída.

Nos bastidores

A confissão é diária

Há uma semana Bolsonaro tem recebido no Palácio da Alvorada, todo dia, um padre do Guará, satélite do DF. Ficam a sós por mais de uma hora. Às vezes, Michelle acompanha.

Um amigo no Tribunal

O presidente Bolsonaro ataca o STF, mira Alexandre de Moraes, mas evita criticar Dias Toffoli, o ex-petista na Corte mais ligado a Lula. Bolsonaro e o ministro são amigos de longa data. E se visitam.

Trilhos da discórdia

A Vale e a ANTT anteciparam a negociação da renovação de autorização da Ferrovia Vitória-Minas. Prefeitos da rota do trilho estão tensos porque a mineradora pode retirar do texto promessas de novos viadutos e melhorias em mobilidade urbana.

Lula & peixe à mesa

É falsa a notícia de que Lula gastou 9 mil euros num almoço em Lisboa. Ele e esposa foram ao Cícero Bistrot, comeram robalo com camarão ao molho de dendê. O restaurante é do pernambucano Paulo Nora.