Teme-se a contaminação radioativa com resíduos de trítio e prejuízos gigantescos para a indústria pesqueira e para a saúde humana. Segundo o governo de Tóquio, a água vem sendo tratada por um avançado sistema de processamento de líquidos (ALPS), que remove a maior parte dos isótopos nocivos, e o projeto de despejo será elaborado e passará por testes. No caso do trítio, que tem efeitos cancerígenos, o objetivo é diluí-lo até que sua concentração seja um quadragésimo do permitido na água potável. Mas vários países da região e grupos ambientalistas acham que a ação será criminosa.

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Coreia do Sul, China e Taiwan reagiram com vigor contra a decisão japonesa. O governo sul-coreano, inclusive, que já proibiu a compra de frutos do mar pescados na região e restringe a compra de produtos agrícolas desde o acidente em Fukushima, pretende entrar com uma ação em corte internacional pedindo a suspensão da medida. O presidente do país, Moon Jae-in, diz que o despejo da água com trítio é uma grande ameaça. “Não posso deixar de dizer que há muitas preocupações aqui sobre a decisão por sermos um país geologicamente próximo que compartilha o mar com o Japão”, afirmou. Vários protestos contra a decisão aconteceram, quarta-feira, 14, em frente à Embaixada do Japão em Seul e diante dos consulados de Busan e de Jeju.

RADIAÇÃO Água armazenada em Fukushima contém resíduos de trítio: risco à saúde (Crédito:Tomohiro Ohsumi)

Dano ao DNA Humano

Já a China informou que a medida abre um precedente perigoso para o descarte de águas residuais em todo o mundo. Em comunicado oficial, o governo declarou que “o Japão não deve permitir que o mundo inteiro pague pela forma como gerencia suas águas residuais nucleares”. No relatório “Stemming the Tide 2020: The reality of the Fukushima radioactive water crisis”, a organização Greenpeace afirma que “o carbono radioativo contido na água armazenada também seria despejado no oceano, concentrando-se em um nível milhares de vezes superior ao do trítio, com potencial de danificar o DNA humano”. Em entrevista para a agência Deutsche Welle, o especialista em temas nucleares do Greenpeace, Slam Burnie, afirmou que o despejo inevitavelmente carregará materiais radioativos e que o trítio pode se tornar “organicamente ligado” às células humanas ou de peixes.

O Japão, por sua vez, minimiza o risco e quer adotar a solução mais prática. “O governo concluiu que a liberação no oceano é um método realista”, disse o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, citado pela Jiji Press. “O descarte da água tratada é um desafio inevitável para a desativação da usina”. O Japão conta com o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que considera a iniciativa adequada. O diretor-geral da agência, Rafael Grossi, disse que o Japão receberá suporte técnico e apoio para a implementação segura do plano. “A decisão do governo japonês está de acordo com a prática global”, afirmou Grossi.

O acidente de Fukushima ocorreu em março de 2011, quando a usina foi atingida primeiro por um terremoto e depois por um tsunami. O acidente avariou o sistema de resfriamento e derreteu três dos seis reatores da usina. Houve vazamento radioativo e os indices de radiação ultrapassaram em oito vezes os níveis de segurança. Desde então, a água contaminada está em tanques ao lado da usina, aguardando um destino final, a um custo anual de US$ 900 milhões. O Japão quer se livrar logo desse fardo. Mas para os ambientalistas é melhor que a água continue onde está: armazenada a longo prazo.