13/01/2023 - 9:30
Nunca houve solidariedade internacional tão grande à democracia brasileira. Mais de 50 países se manifestaram em apoio às instituições, e até aliados de Bolsonaro condenaram os ataques, isolando-o ainda mais. Os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU reagiram de imediato à violência terrorista. Em poucas horas, manifestaram-se os principais líderes mundiais, com uma reação em cadeia de apoio às instituições brasileiras. O suporte global à eleição de Lula se manifestou de maneira firme contra os ataques da extrema-direita.
As manifestações dos representantes com vaga permanente no Conselho da ONU (Reino Unido, França, EUA, Rússia e China) ganham força porque se estendem ao bloco de países da América do Sul, avisando que o terror na região não será tolerado, diz o professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB Roberto Goulart Menezes. Deixam implícito que a saída da ordem constitucional significará o isolamento diplomático. Esse é o alerta que pode ser repassado por seus embaixadores no Brasil. E o mais contundente, para o bolso dos financiadores de terroristas: pode ocorrer um bloqueio econômico ou sanções se os atentados persistirem no País.

Em poucas horas, o mundo todo repudiou os ataques, considerados um atentado contra as instituições democráticas. O presidente americano Joe Biden classificou de “ultrajantes” as imagens de destruição e foi seguido por seu secretário de Estado, Anthony Blinken, que avisou: aventuras golpistas no Brasil sofrerão forte oposição e rejeição internacional. O francês Emmanuel Macron exigiu respeito à democracia e garantiu “apoio inabalável” a Lula, enquanto o papa Francisco destacava sua preocupação pelos atentados, que vê como prova do enfraquecimento da democracia no mundo.

A condenação veemente aos atos ganhou força entre presidentes sul-americanos, primeiros-ministros europeus, líderes do Parlamento Europeu e das Nações Unidas e entre os porta-vozes russo e chinês. Josep Borrel, Alto Representante da União Europeia para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, falou em nome dos 27 países, destacando que o Brasil prevalecerá sobre o extremismo. António Guterres, secretário-geral da ONU, disse que “os brasileiros estarão à altura da situação” e defendeu que os atos criminosos tenham consequências.
“Um ponto importante após os ataques foi o apoio ao Brasil dos cinco países com assento
fixo no Conselho de Segurança da ONU” Roberto Goulart Menezes, do Instituto de Relações Internacionais da UnB
“A pressão dos EUA vem desde antes das eleições, quando Jake Sullivan, o conselheiro de Segurança Nacional, esteve em Brasília para defender as urnas eletrônicas e expressar o apoio inabalável às instituições brasileiras, como falou, da parte do presidente Joe Biden”, destacou o professor da UNB. Ele lembrou que, além de congelar ativos de responsáveis pelo financiamento do terror, estão na mira os procurados por incitar atos antidemocráticos, como o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Os EUA ainda podem cooperar pressionando bigtechs como o Facebook pela liberação de áudios e vídeos dos suspeitos.
Pária internacional
O isolamento do presidente derrotado, defendido pelos seguidores que destruíram os prédios dos Três Poderes, ficou patente quando até representantes da extrema-direita internacional se posicionam contra os bolsonaristas criminosos, como foi o caso dos premiês de Israel e da Itália. Benjamin Netanyahu destacou que “não há espaço para violência em uma democracia”. A italiana Geórgia Meloni frisou ser “inaceitável” o ataque às sedes dos Poderes e urgente “o retorno à normalidade”. Pelo partido de ultradireita Vox Espanha, Santiago Abascal compartilhou nota do Foro Madrid que condenou “categoricamente” a violência em Brasília.
A solidariedade até da extrema-direita dá a medida do isolamento do ex-presidente refugiado em Orlando, que agravou seu status de pária internacional. Esquerda e centro-esquerda italianas condenaram fortemente as honras do município de Anguillara cedidas ao capitão brasileiro e se colocam contra qualquer concessão de cidadania italiana ou pedido de asilo político, “em nome do orgulho veneziano”. Se os italianos não querem a entrada dele no seu país, congressistas democratas americanos querem sua expulsão, como Joaquim Castro e Alexandria Ocasio-Cortez, que rechaçam refúgio àquele que tratam de “escondido” por temer responsabilização pelos seus crimes.