14/08/2020 - 9:30

Na semana passada, o engenheiro Hassan Diab renunciou ao cargo de primeiro-ministro do Líbano, cedendo às pressões das manifestações populares que se deram após a explosão dos armazéns que estocavam quase três mil toneladas de nitrato de amônio — metade de Beirute foi destruída, pelo menos duzentas e vinte pessoas morreram, há mais de cinco mil feridos e trezentos mil desabrigados. O presidente do país, Michel Aoun, pediu-lhe que seguisse no cargo até a formação de um novo governo, em um Líbano devastado desde 1990 por crises sociais, políticas e econômicas. O futuro, no entanto, não se faz promissor com a troca de comando, quer Diab espere ou não para ir embora. A instabilidade não se resolverá com a troca de nomes, pois a própria constituição foi feita para manter status quo e establishment. Ela engessa: o presidente tem de ser cristão, o chefe do Parlamento, xiita, e o primeiro-ministro, sunita. A corrupção no Líbano é tanta, que o presidente da França, Emmanuel Macron, ao visitar uma Beirute em pó, ouviu dos manifestantes para “não dar dinheiro aos governantes porque seria roubado”. O Líbano saiu em frangalhos da guerra civil que durou de 1975 a 1990, e essa é a sua situação ainda hoje. Para o amanhã, a simples troca de premiê não evitará a derrocada. A saída é a feitura de uma constituição que de fato seja plural em uma nação de amplo sincretismo religioso e não apenas se finja democrata no papel.
Rumo a Beirute

O ex-presidente Michel Temer lidera a missão brasileira que leva apoio ao Líbano. Os dois países têm históricos laços de amizade e Temer é o descendente de libaneses que chegou ao mais alto cargo na sociedade brasileira: presidente da República. Temer e a comitiva (e também o avião com mantimentos) decolaram de São Paulo
na quarta-feira 12 (foto).
BRASIL
Carro com dinheiro público é outra coisa

O Patriota é um partido bem pequeno. Tem como um de seus lemas a “austeridade fiscal com busca ao déficit nominal zero”. Possui seis deputados federais. Pois bem, do dinheiro público, gastou R$ 260 mil para comprar um carro Mitsubishi Pajero novinho em folha. Somando-se com os automóveis comprados em 2019, adeus a R$ 644 mil.
FESTIVAL DE CINEMA
Rocky Spirit GOfit nas formas drive-in e virtual

Um dos melhores e mais criativos festivais de cinema do Brasil não deixa de acontecer esse ano devido à pandemia. Ele mudou a forma de exibição de filmes, mas o seu conteúdo segue a tradição de se aprimorar a cada ano — e, isso, desde 2010 quando foi criado. Trata-se do Rocky Spirit GOfit, que se traduz em excelente oportunidade de se transformar a rotina em inteligente divertimento, inspiração e evolução intelectual. Esse ano o festival ocorre por meio de drive-in e no formato digital. Desde a sua primeira versão, o Rocky Spirit GOfit foi muito além de uma simples experiência de se assistir a filmes: dava-se em gramados que o público lotava e sob céu estrelado — natureza a se respirar, cinema para se ver. Agora, com a imperiosa necessidade de distanciamento social, teve de ser adaptado. “Em um primeiro momento deu-se um choque, mas pensamos melhor e entendemos que era só fazer uma adaptação”, diz Andrea Estevam, diretora da Rocky Mountain Sports Content, organizadora do festival e responsável pelas marcas Go Outside e Hardcore. A transmissão virtual gratuita conta com trinta e cinco filmes. “Esperamos levar algum alento para todos que estão passando por esse momento tão difícil na nossa sociedade”, diz Andrea.
JUSTIÇA
Condenado “em razão da sua raça”

Acredite se quiser: uma juíza de Curitiba condenou um homem negro a quatorze anos de prisão. Acusação: furtos e integração de organização criminosa. Agora, vamos a um trecho da sentença condenatória: “(…) sobre a sua conduta social, nada se sabe. Seguramente, integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça (…).” Como se disse acima, acredite se quiser. A advogada do réu, Thayse Pozzobon, comentou o caso no Instagram: “associar a questão racial à participação em organização criminosa revela, não apenas o olhar parcial de quem precisa ter imparcialidade, mas também o racismo (…)”. A juíza, Inês Marchalek Zarpelon (foto), logo pediu desculpas. O CNJ abrirará procedimento contra ela.
RENDA
Um bairro que é mais rico que qualquer cidade do País

O Lago Sul é uma das regiões mais nobres de Brasília — e do País. Estudo da FGV, intitulado “Onde estão os ‘Ricos’ no Brasil” e divulgado na semana passada, mostra que, no Lago Sul, a renda mensal média por habitante é de R$ 23.020,00. Esse valor supera a renda mensal média por habitante de qualquer município brasileiro. Se o Lago Sul fosse uma cidade, seria a mais rica entre os 5.570 municípios que integram o território nacional.