07/08/2020 - 9:30

Em reunião por videoconferência, na quarta-feira 5, com a comissão mista do Congresso que trata da reforma tributária (cinquenta e oito parlamentares ao todo), o ministro da Economia, Paulo Guedes, iniciou aquilo que se pode classificar como a pesada ofensiva do governo para a aprovação dos pontos do projeto do Poder Executivo. Tal projeto foi fatiado por Guedes em quatro partes, e a primeira delas foi apresentada formalmente à comissão há duas semanas. A criação do imposto eletrônico, nome fantasia para a antiga e famigerada CPMF, ficou resguardada para a última parte a ser discutida.
A tática do ministro viu-se ignorada. Foi principalmente sobre ela que deputados e senadores insistiram em falar. Guedes classificou de “manicômio judiciário” a carga tributária existente hoje — como jogo de palavras, saiu-se bem, embora o Brasil já tenha tido ministros melhores na teoria econômica e melhores e mais engraçados como frasistas. Guedes continuou e chamou de “maldade” e “ignorância” equiparar o imposto sobre operações eletrônicas à CPMF. Na verdade, maldades há, mas sim por parte do governo. Eis a primeira delas: os 0,2% de imposto sobre todas (repita-se: todas) as transações que ocorram eletronicamente atingirão sobretudo as classes sociais bem menos favorecidas socialmente — mantendo-se a tradição brasileira de o ônus sobrar para os pobres. A segunda: os aproximadamente R$ 120 bilhões que Guedes diz que serão arrecadados servirão para cobrir parcialmente um rombo do governo, no primeiro semestre de 2020, na ordem de R$ 417,2 bilhões (no mesmo período. No ano passado, esse buraco foi de R$ 23,9 bilhões). Agora a terceira maldade, mistura de um plano diabólico com populismo ao nível do chão: afirmam os doutores da equipe econômica, encabeçada por Guedes que se diz liberal (pobre Margaret Thatcher), que o dinheiro se destina ao fortalecimento do projeto social intitulado Renda Brasil. Há tempo: assim como o novo imposto é xifópago da CPMF, o Renda Brasil não mais é que o já existente Bolsa Família. De fato, trata-se de pura manipulação. Ou manicômio.

Meio Ambiente
O esgoto invadiu a Tijuca

A belíssima lua cheia que encantou os brasileiros na última semana também foi responsável por revelar a sujeira escondida na Barra da Tijuca. A variação das marés mostrou um gigante problema carioca: o descarte irregular de esgoto. A água verde ficou preta — literalmente — e a mancha percorreu quilômetros. Detalhe: o despejo acontece regularmente na região, devido, principalmente, à especulação imobiliária do bairro. O estrago é tamanho que a sujeira pode percorrer da Tijuca até a zona sul carioca.
A companhia Estadual
de Águas e Esgotos do Rio disse que o saneamento básico opera normalmente na região e que está previsto o orçamento de R$ 1,7 bilhão para quarenta e um novos projetos de regulatórios de coleta e limpeza pública.
Esportes
Olimpíada confirmada para 2021
O coronavírus devastou o mundo da noite para o dia, adiou planos e projetos — mas não para Toshiro Muto, chefe das Olimpíadas, que descartou qualquer possibilidade de nova remarcação dos Jogos, agendados para 2021: mesmo que até lá a Covid-19 não tenha dado trégua. “O importante é realizar o evento para as pessoas que precisam conviver com o vírus”, disse Muto. Bom, de alguma forma a pandemia mudou os planos das Olimpíadas, previstas, até então, para esse ano. Resta agora esperar para saber se o pódio estará preparado até lá — e sem o risco de contágio.
Brasil
A Lava Jato Respira
O combate à corrupção no Brasil ganhou um sopro de vida. O ministro do STF Dias Toffoli, presidente da Corte que, durante o recesso, respondeu por todos os processos, ordenara que a Lava Jato entregasse os seus arquivos à Procuradoria-Geral da República. Acatara, assim, pedido do procurador-geral, Augusto Aras. A Lava Jato viu-se ameaçada. A reviravolta veio na semana passada. Fim do recesso, todos ministros de volta, e Edson Fachin, responsável por esse caso, reverteu a decisão de Toffoli. Aras vai recorrer, mas, por enquanto, a força-tarefa do Ministério Público ligada à Lava Jato, que corria o risco de ser desestruturada, ganhou força.
Ciência
Espermatozoides não nadam e, sim, chicoteiam
Indo de encontro a toda teoria apresentada até então, estudos comprovaram que a imagem do espermatozoide nadando até o óvulo não existe. Ou seja, o movimento se parece mais com uma cobra do que com a cauda de um peixe. O que isso muda na biologia?
De acordo com a pesquisa da Universidade de Bristol, na Inglaterra, e da Universidade Nacional Autônoma do México, dúvidas sobre a reprodução humana podem ser respondidas. “Com mais da metade da infertilidade causada por fatores masculinos, entender a cauda do esperma humano é fundamental para o desenvolvimento de futuras ferramentas de diagnóstico para identificar espermatozoides não saudáveis”, disse o cientista brasileiro Hermes Gadelha, pesquisador de Bristol. Aguardemos, então, as conclusões de mais uma evolução da ciência.