01/07/2022 - 9:30
A três meses das eleições, a candidatura de Simone Tebet não consegue deslanchar e um dos principais fatores são obstáculos para sacramentar de vez a coligação do MDB com o PSDB. Quando João Doria anunciou que não seria mais candidato, no final de maio, o PSDB comunicou que se aliaria a Tebet, mas fez algumas exigências. Aceitaria compor a chapa da senadora desde que os emedebistas apoiassem os candidatos do partido aos governos do Rio Grande do Sul (Eduardo Leite), do Mato Grosso do Sul (Eduardo Riedel) e de Pernambuco (Raquel Lyra). Ocorre que, um mês depois, o MDB recusa-se a apoiar os tucanos. O impasse maior está no Rio Grande, onde o MDB insiste na candidatura do deputado Gabriel Souza e emedebistas, como Pedro Simon, não querem nem pensar em apoiar Leite.
Desacordo
As desavenças acontecem também no Mato Grosso do Sul. O tucano Eduardo Riedel, com apoio do governador Reinaldo Azambuja, está bem cotado, mas o MDB lançou o ex-governador André Puccinelli para o cargo, azedando as relações. Em Pernambuco, o quadro é parecido. O MDB prefere apoiar o candidato do PSB, Danilo Cabral, do que a tucana Raquel Lyra.
Tasso
Com o descompasso, o senador Tasso Jereissati (PSDB), cotado para ser o vice de Tebet, fica esquentando o banco de reservas. Enquanto o MDB não ceder aos pleitos do PSDB, a dobradinha fica em suspense. Por essa e por outras é que a senadora sul-mato-grossense empacou nas pesquisas. No último Datafolha, de 23 de junho, ela aparece com apenas 1%.
Os supérfluos de Bolsonaro

O presidente não está mesmo preocupado com o aumento dos gastos públicos. De janeiro a junho, o governo usou R$ 606.385,82 na compra de “snacks” para o avião presidencial, em uma média mensal de R$ 101.064, segundo o deputado Elias Vaz. Durante todo o ano passado, o governo gastou R$ 889.583,37 em petiscos, representando um custo mensal
de R$ 74.131 por mês – este ano, o aumento foi de 30%.
Retrato falado

Como um dos 27 senadores que já assinaram o pedido de criação da CPI do MEC para averiguar as denúncias de irregularidades na distribuição de recursos do Ministério da Educação e do FNDE, o senador Alessandro Vieira acha que as apurações da comissão parlamentar não devem se resumir ao ex-ministro Milton Ribeiro e aos pastores-lobistas. Entende que os senadores podem requisitar ao Supremo o conteúdo do inquérito e passarem a investigar diretamente Bolsonaro no caso.
Calcanhar de Aquiles
Bolsonaro faz inúmeros pacotes com benesses para os eleitores em busca da reeleição, mas não consegue reverter a vantagem de Lula. É que, ao torrar dinheiro em medidas populistas, aumenta os gastos públicos e retroalimenta a inflação. Assim, não obtém êxito na redução dos preços dos produtos da cesta básica, o que tem sido ponto determinante para o insucesso. Embora a inflação oficial de junho só vá ser divulgada no próximo dia 8, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), uma prévia da inflação, mostra que os preços continuam acelerados. Em junho, o IPCA-15 foi de 0,69%, acima dos 0,59% de maio, atingindo 12,04% nos últimos 12 meses.
Alimentos caros
Ainda sem o peso dos aumentos da gasolina e do diesel no dia 17, o IPCA-15 registrou a disparada dos preços da comida neste mês. A abobrinha foi a que mais subiu: 101% em 30 dias. Depois vieram a cenoura (99,55%), pepino (84,03%), batata (65,93%) e tomate (65,08%). Barriga vazia é a oficina do capeta.
Voo solo
Levado por Lula a tiracolo a eventos da esquerda, Geraldo Alckmin deve adotar uma agenda solo a partir de julho, voltada ao agronegócio e ao empresariado, representantes da direita. A equipe dele prevê que o périplo seja iniciado por estados bolsonaristas, como Santa Catarina e Mato Grosso. Aliados vêem urgência no “descolamento” dos dois.

Lista de alvos
Como um dos homens mais ricos do País, o ex-ministro Blairo Maggi está entre os alvos de interesse do PT e do PSB no agronegócio. Para aproximar a campanha do setor como um todo, aliados dos pré-candidatos apostam em Roberto Rodrigues, que atuou como ministro da Agricultura no governo Lula, e no ex-deputado Nilson Leitão, próximo de Alckmin.
Corte nas mordomias

A deputada estadual Carla Morando (PSDB-SP) acaba de dar a maior demonstração de como os políticos podem contribuir para a redução dos gastos públicos. Desde que assumiu o cargo, em março de 2019, ela não utiliza carro oficial e nem combustível pago pela Alesp: só usa veículo próprio para trabalhar. Em três anos, economizou R$ 1,1 milhão dos cofres públicos.
Toma lá dá cá

O pacote social de Bolsonaro representa o uso da máquina para custeio do projeto eleitoral?
Bolsonaro tem apostado em medidas eleitoreiras e ineficazes na tentativa frustrada de se salvar. A população sabe que, enquanto sofre, ele se diverte em motociatas e o governo mergulha na corrupção.
Acredita que Bolsonaro será comprometido nas investigações do MEC?
Já há provas de interferência do presidente nas investigações, o que configura obstrução da Justiça. Ele é o tipo de corrupto que rouba, abandona os comparsas e sai gritando “pega ladrão!”.
Com o caso de Genivaldo, o governo segue a tradição de impor sigilo sobre questões sensíveis. Como vê
a tática?
Escamotear e mentir são peculiaridades de Bolsonaro.
Rápidas
* Depois que Guilherme Afif Domingos passou a coordenar o programa de governo de Tarcísio de Freitas, Gilberto Kassab (PSD) ficou mais perto de apoiar a candidatura do ex-ministro de Bolsonaro ao governo de São Paulo. Afif e Kassab estão juntos desde 1989.
* Em meio à onda de violência que assola o País, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) comemora o fato de a taxa de assassinatos em São Paulo ser a mais baixa da história: 5,99 pessoas assassinadas por 100 mil habitantes.
* Marcio França voltou a dizer a Lula que não retira sua candidatura ao governo de São Paulo para apoiar Haddad. O petista chegou a oferecer um ministério para o socialista caso seja eleito presidente: quer que ele dispute o Senado.
* O PSB nacional decidiu que vai dar prioridade a eleger apenas cinco candidatos a governador em todo o País: Carlos Brandão (MA), Danilo Cabral (PE), Renato Casagrande (ES), Marcelo Freixo (RJ) e João Azevêdo (PB).