O brasileiro que puxar pela memória descobrirá que somente viu generais negros em filmes norte-americanos. Primeiro porque são muitos, segundo porque a comunicação social nos EUA garante a presença negra no cinema, teatro e televisão. Terceiro, porque o governo e a sociedade norte-americana faz, a tempo, o dever  de casa da equalização de oportunidade entre negros e brancos nas Forças Armadas, e nos demais ambientes sociais. Foram às jornadas pelos direitos civis dos negros conduzida pelo doutor Martin Luther King e seus camaradas que forjaram a ordem executiva do presidente Harry Truman, em 1948, determinando a dessegregação dos negros no Exército, e as que vieram depois, que, pavimentaram a chegada  do general Lloyd Austin na Academia Militar de West Point, em 1975, e de lá o levaram ao ápice: secretário de Defesa dos Estados Unidos da América; o Senhor da Guerra da maior potência bélica do planeta. Seu pouso de emergência para uma conversa de pé de ouvido com o comando militar no Brasil, seguramente ajudou a distender e dissuadir a ideia de outro caminho que não o respeito à democracia, aos Direitos Humanos e submissão ao poder civil  e as urnas eletrônicas. Além de espantar o fantasma do suposto golpe e garantir a manutenção da normalidade política, sua presença aponta outra dimensão de relevo para o equilíbrio político
e segurança social: a importância da democracia e participação racial.

A presença de Lloyd Autin ajudou a dissuadir  a ideia de outro caminho que não o respeito à democracia, aos Direitos Humanos e as urnas eletrônicas

Nos Estados Unidos da “segregação” e com 12% de negros, o general Austin, como secretário de Defesa, sucedeu ao general Colin Powel, secretário de Estado, que foi sucedido por Condoleeza Rice, secretária de Estado, que se juntou a Barak Obama, presidente da República, que, foi sucedido por Kamala Harris, vice-presidente e que encontraram Thurgood Marshall, Clarence Thomas e Ketanji Brown Jackson, na Suprema Corte de Justiça. No Brasil da liberdade, com 56% de negros, não existe nenhum deles no primeiro escalão dos governos, na direção de partidos políticos, ou em sindicatos. Não existe número expressivo deles entre, bispos, cardeais e pastores, jornalistas e publicitários, reitores, executivos de empresas públicas e privadas e entre os candidatos a presidente, governador e senador no atual pleito. Na nossa celebrada miscigenação foram onze os generais negros desde a fundação do Exército, em 1822 – nenhum deles quatro estrelas. O general negro americano Lloyd Austin salvou nossa democracia política e, se quisermos seguir o exemplo, pode salvar nossa democracia racial.