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Polícia italiana captura Matteo Messina Denaro, maior chefe da máfia siciliana

O todo poderoso chefão da máfia italiana foi preso em uma clínica em Palermo, após ser caçado pela polícia por 30 anos. A captura dessa figura real, repleta de ação, é digna de ser continuação do filme de Francis Ford Coppola

30 ANOS DEPOIS Policiais levam Denaro de uma clínica médica em Palermo (Crédito: Carabinieri)

20/01/2023 - 9:30

Matteo Messina Denaro, o chefe de todos os chefes, ou “capo di tutti capi”, da máfia siciliana, nasceu em Castelvetrano, região da Sicília, em 26 de abril de 1962. Filho de um influente chefe da Cosa Nostra, máfia poderosa formada no século 19, desde cedo participou dos negócios da “família”. Tornou-se o chefe de todos os chefes da Cosa Nostra após a morte dos dois principais líderes da organização, Bernardo Provenzano, em 2016, e Salvatore Riina, conhecido como “A Besta”, em 2017.

Segundo investigadores, há décadas Messina Denaro dava ordens e supervisionava os negócios da máfia, como descarte de resíduos, lavagem de dinheiro e principalmente tráfico de drogas. Também chamado de “Diabolik”, um personagem de quadrinhos muito famoso na Itália nos anos 1960, é conhecido por sua maldade extrema. Gabava-se de seus crimes. Uma vez declarou “Enchi, um cemitério sozinho”, referindo-se às mais de 50 mortes que lhe são imputadas. Foi condenado à prisão perpétua em 2002 por ordenar os atentados a bomba em 1993, em Milão, Florença e Roma, e dezenas de homicídios, entre eles os assassinatos dos juízes que combatiam a máfia, Giovanni Falconi e Paolo Borsellino, e pelo sequestro, tortura e assassinato do filho de 11 anos de um mafioso que tinha virado testemunha de Estado na Itália: a criança teve seu corpo dissolvido em ácido.

ESBANJADOR E RECLUSO Apesar da fama de ostentar riqueza junto a seus amigos e parceiros do crime, são muito poucas as fotos de Denaro desde sua juventude (Crédito:Divulgação)

Durante 30 anos, os investigadores italianos estiveram bem perto de prendê- lo ao vigiar pessoas em seu entorno e também inviabilizaram boa parte de seus negócios, deixando o mafioso cada vez mais isolado; porém, uma das maiores dificuldades são as pouquíssimas fotos dele. A polícia teve que reconstruir digitalmente sua imagem, para ver como ele estaria depois de três décadas.

Um playboy, Denaro gostava de ostentar sua fortuna. Mantinha seu império luxuoso com o financiamento de banqueiros, políticos e empresários que deviam favores a ele. Ao ser preso, usava um relógio de € 35 mil, cerca de R$ 195 mil, e em seu bolso tinha € 1.300 em dinheiro, cerca de R$ 7.240. Na Itália, muitos acreditam que sua captura pode ajudar nas investigações sobre os atentados de 1993.