A expressão “carreira meteórica” parece ter sido criada para descrever a trajetória do venezuelano Gustavo Dudamel. Aos 42 anos, após brilhante temporada em Los Angeles, o maestro provocou um tsunami no universo da música erudita ao ser anunciado como novo regente da Filarmônica de Nova York, a mais antiga e conceituada dos EUA. Ele ainda segue como Diretor Musical da Ópera de Paris, onde está desde 2022, e à frente da Sinfônica Simon Bolívar, em Caracas.

O convite foi feito por Deborah Borda, a toda-poderosa executiva que o contratou para trabalhar em Los Angeles. Ela agora é diretora em Nova York, orquestra cujo pódio já foi ocupado por Gustav Mahler, Arturo Toscanini e Leonard Bernstein, apenas para citar alguns. “Vejo um grupo incrível e potencial para desenvolver algo importante”, afirmou Dudamel. “É como erguer uma ponte e construir uma nova casa.” Ele substituirá o holandês Jaap van Zweden, que deixará a cidade ao final de 2024.
Dudamel não é apenas um fenômeno musical, mas midiático. Sabe se promover melhor que contemporâneos como o russo Kirill Petrenko, que comanda a Filarmônica de Berlim, ou o estoniano Paavo Järvi, que atua em Tóquio, Zurique e Bremen. O venezuelano transita entre o mundo erudito e o popular, sem detrimento de sua imagem, ao contrário do que seria esperado. Já regeu mais de trinta óperas e sinfonias, de Milão à Viena.

Filho de um trombonista e uma cantora, trocou o violino pelas aulas de regência aos treze anos, chegando a diretor da orquestra jovem Simón Bolívar aos 18. Os prêmios em competições internacionais o levaram a assumir a Filarmônica de Los Angeles, em 2009, com apenas 27 anos. Além de manter os laços com os jovens talentos de seu país natal, montou o projeto YOLA, que financia 1.500 artistas na periferia da Califórnia. Em 2017, reuniu músicos dos cinco continentes para se apresentar na premiação do Nobel, quando discursou sobre a importância da música na redução da desigualdade social. Inspirou o documentário Viva Maestro e regeu a nova versão de Amor Sublime Amor, filme de Steven Spielberg. Virou personagem na série Mozart in the Jungle (Sinfonia Insana) e ganhou homenagem até no desenho Os Simpsons. Toda essa exposição lhe rendeu uma estrela na calçada da fama, em Hollywood. Em Nova York, se prepara para seu maior desafio: conquistar o exigente público local e reverter a queda na receita da sala de concertos David Geffen Hall, que acaba de passar por uma reforma de US$ 550 milhões. Carismático e talentoso, o fenômeno Dudamel tem tudo para ser bem sucedido.