21/10/2022 - 9:30
O escritor Dias Gomes completaria um século de vida nesse mês de outubro. É impressionante notar como sua obra continua atual. Do messianismo vazio de O Pagador de Promessas às divertidas falcatruas de Odorico Paraguaçu, em O Bem-Amado, os textos do romancista baiano conquistaram o público com o bom humor, a analogia inteligente com personagens do cotidiano e uma dose de realismo fantástico à brasileira.
Em homenagem ao centenário do seu aniversário, o Itaú Cultural, em São Paulo, inaugura a Ocupação Dias Gomes. A mostra reunirá cerca de 170 itens divididos em oito núcleos, material que contempla toda a carreira do imortal que ocupou a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras. A exposição revela ainda seu processo criativo, sempre solitário e metódico, e a importância do histórico familiar em seu trabalho.
Após perder o pai, aos três anos, foi criado pela mãe, Alice Gomes, amante das óperas, e pelo irmão mais velho, Guilherme, também escritor. Outra grande influência em sua vida foi a convivência com a esposa, Janete Clair, famosa autora de telenovelas, como ele. Criou personagens inesquecíveis para a telinha, como o fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e o professor Astromar (Rui Rezente), entre tantos outros. Dias Gomes morreu em um acidente de carro, em 1977, mas sua obra continuará viva no coração do seu público.
O mestre da telenovela

Dias Gomes (foto) começou a carreira no teatro, aos 15 anos. Em 1953, após ser demitido da Rádio Clube do Brasil, acusado de ser comunista, ingressou no mundo do teatro e, em seguida foi contratado pela Rede Globo para escrever telenovelas.
O Bem-Amado (1973) entrou para a história como a primeira produção brasileira a ser exibida em cores, e a ser exportada também. Vieram então Saramandaia e Roque Santeiro, outros grandes sucessos. A mostra sobre sua carreira fica em cartaz até 15/1.