07/07/2017 - 18:00
Em 21 de junho, 13 mil pessoas se reuniram às sombras do monumento de Stonehenge, em Amesbury, Reino Unido. Celebrando a espiritualidade do local, os esotéricos cantaram e dançaram ao longo do solstício de verão, dia mais longo do ano no hemisfério norte. Pouco antes, pesquisadores ingleses faziam uma descoberta científica importante a alguns quilômetros dali, revelando a existência de uma espécie de “avô” de Stonehenge: uma estrutura construída em madeira 800 anos antes do vizinho mais conhecido.
“O cercado de West Kennet, como o chamamos, é bem diferente das outras coisas da época”, disse à ISTOÉ Alex Bayliss, chefe de datação científica do Historic England, órgão público responsável pela memória do país. A verdadeira idade do “avô” de Stonehenge foi revelada enquanto pesquisadores realizavam datações rotineiras para definir a antiguidade de monumentos em um complexo a 37 quilômetros dali. “Fiquei muda de espanto”, afirma a chefe do projeto. “É raro que numa nação pequena e intensamente analisada como a Inglaterra algo completamente novo seja encontrado”.
O cercado era composto de duas paliçadas bem próximas uma da outra, ambas arredondadas. Elas foram construídas ao mesmo tempo e queimadas pouco depois, como parte de uma reunião ritualística. Visto de cima, o conjunto possui formato de ampulheta. Uma possibilidade é que um dos círculos fosse reservado aos homens, enquanto o outro era das mulheres. “A construção foi um projeto massivo, com 4 mil colunas de carvalho vindas de 15 hectares de floresta”, diz a chefe do estudo. “Aqueles que as construíram investiram bastante nelas, o que significa que eram extremamente importantes para muitas pessoas.”
Em 2500 a.C, cerca de mil anos depois de West Kennet, os descendentes dos arquitetos começam a colocar as primeiras pedras em Stonehenge. As primeiras vilas começavam a aparecer, incluindo uma no mesmo lugar das paliçadas. Nelas, os habitantes se reuniam para a construção de grandes obras, como o círculo de pedras mais conhecido do mundo.
A fascinação despertada por Stonehenge se dá por dois motivos. O primeiro é o mistério sobre como pessoas pré-históricas levaram ao local pedras monumentais que só podiam ser encontradas a 240 quilômetros de distância. O segundo é a razão de sua construção, ainda desconhecida. Diversas teorias já foram propostas, incluindo a de que seria um observatório astronômico, um lugar com propriedades curativas ou um templo de rituais fúnebres. Uma das hipóteses mais curiosas (e que até hoje atrai os místicos durante o solstício de verão) é de que se tratava de um templo celta. Essa suposição, porém, esbarra no fato de que Stonehenge é 2 mil anos mais velho do que a religião dos druidas.
Daqui para frente, os cientistas querem descobrir a idade exata de outras estruturas do complexo. Caso compreendam a história dessas populações pré-históricas, darão mais um passo importante para desvendar os segredos que fascinam a humanidade há mais de 5 mil anos.
A construção do cercado de West Kennet exigiu 4 mil colunas de carvalho vindas de 15 hectares de floresta