01/12/2017 - 18:00
Na última semana tivemos a oportunidade de acompanhar com angústia as buscas por um submarino argentino que simplesmente desapareceu no Atlântico Sul com 44 experientes militares a bordo. Depois de dez dias de operações infrutíferas e de muito desencontro de informações, a tragédia foi anunciada como consumada. Tudo indica que o equipamento apresentou problemas e acabou explodindo antes que seus ocupantes pudessem retornar à superfície. Passada a consternação, porém, aqui no Brasil precisamos olhar esse episódio como um importante sinal de alerta.
O submarino que desapareceu com os argentinos é de fabricação alemã, tinha aproximadamente trinta anos de uso e, segundo revelações feitas recentemente pela imprensa argentina, foi adquirido em um processo muito pouco transparente que teria movimentado uma dinheirama em propinas. Um roteiro que em tempos de Operação Lava Jato não chega a provocar surpresas por aqui. Mas essa é uma questão que vitima também o chamado primeiro mundo. Há cerca de cinco anos, depois de um processo nebuloso e cercado de desconfianças no que diz respeito à idoneidade, a Grécia comprou submarinos alemães.
Os equipamentos, no entanto, permanecem ainda hoje em terra firme e sobre cavaletes, uma medida que pode parecer bizarra, mas que se revelou inteligente. É que durante testes no mar, os equipamentos alemães identificados como U-214 apresentaram dificuldades para submergir e adernavam 45 graus para ambos os bordos, inclusive quando estavam na superfície. São erros de fabricação que colocam centenas de vidas em risco. O resultado é um extenso processo que tramita nas cortes internacionais, onde os gregos pleiteiam uma indenização de sete bilhões de euros.
No Brasil, está em pleno desenvolvimento o programa de construção de submarinos, feito em parceria com franceses. Os alemães tentaram entrar no negócio, mas por causa da experiência da Grécia, dentre outros fatores, acabaram preteridos.
Ainda assim, o alerta que vem com o desaparecimento do submarino argentino tem razão de ser, pois sabe-se que atualmente os alemães andam flertando com gabinetes militares em Brasília, tentando de alguma forma participar do nosso projeto. Claro, dizer que a Alemanha não sabe fazer submarino é uma monumental bobagem. Desde o final da primeira guerra foram eles os que mais produziram esse equipamento no mundo. O problema é que quando a corrupção e suas inesgotáveis propinas entram em cena, tragédias como a que vitimou os militares argentinos passam a ser absolutamente previsíveis.