21/10/2022 - 9:30
Na última década, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) se apresentou com destaque nas mais importantes salas de concerto do mundo, do Royal Festival Hall, em Londres, à Filarmônica de Berlim, na Alemanha. Faltava, no entanto, o lendário Carnegie Hall, em Nova York, inaugurado em 1891. Pois o objetivo não apenas foi realizado com louvor no último fim de semana, como a Osesp se tornou a primeira orquestra latino-americana a ser convidada para a temporada oficial desse mítico palco norte-americano.
Dirigidos pela norte-americana Marin Alsop, que desde 2020 é regente de honra da Osesp – depois de liderá-la por quase uma década –, a apresentação reuniu dois tesouros brasileiros: a Amazônia, por meio de projeções criadas pelo artista Marcello Dantas, e o compositor Heitor Villa-Lobos. Batizados de Floresta Villa-Lobos (The Amazon Concert), os concertos tiveram, além do gênio modernista, composições inspiradas na natureza brasileira de autoria de Clarice Assad, Edino Krieger, Almeida Prado, Marco Antonio Guimarães, Tom Jobim e Philip Glass, o único estrangeiro do grupo.
A orquestra também executou Sheherazade, obra essencial do repertório sinfônico escrita pelo russo Nikolai Rimsky-Korsakov. “Já tocamos nos maiores palcos do planeta, mas faltava o Carnegie Hall”, afirma o diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski. “Foi um momento histórico”. Para o contrabaixista Pedro Gadelha, a reação do público foi excelente. “É importante fazer essas turnês pela repercussão que geram no exterior e também no Brasil”, afirma. “Tocar para plateias internacionais coloca à prova nossa qualidade musical, é uma motivação a mais para quem está no palco.”
Autor das projeções, Dantas explica que as imagens sugerem outras formas de enxergar a diversidade brasileira. “Cada movimento convoca a imaginar, do ponto de vista de um animal, o ambiente que o cerca”, afirma. O tema do meio-ambiente, que desperta discussões entre os brasileiros às vésperas da eleição, não poupou o Carnegie Hall: antes do concerto, apoiadores de Lula levantaram uma faixa com críticas à política ambiental do governo de Jair Bolsonaro.