20/04/2018 - 19:30
Daniel nasceu há 22 anos numa família simples, em Marília (SP). Na infância recolheu latinhas, vendeu balas pelas ruas e, como tantos garotos de famílias carentes, jogava capoeira e sonhava ser jogador de futebol. No início da adolescência,devido à dificuldade no aprendizado escolar e à aptidão ao esporte, foi encaminhado à Associação Mariliense de Esportes Inclusivos (AMEI), onde, em 2014, o treinador Luiz Carlos Albieri passou a instruí-lo para competir pelo atletismo, na classe T20, para deficientes intelectuais. Um ano depois, o garoto seria campeão mundial.
Diferente de outros atletas que criam estratégias para as provas, Daniel age por instinto e talento. Sua estreia, em 2015, foi fulminante: ele se tornou o primeiro deficiente intelectual a levar o Brasil ao topo de um Mundial de Paratletismo, em Doha, no Catar, onde venceu os 400 metros rasos. Um ano depois, na Paralampíada Rio 2016, baixou o recorde mundial da prova, que já era seu, de 47s78 para 47s22, conquistando mais um ouro para o país. “Mesmo sendo alvo de preconceitos pela deficiência, e sem estrutura para treinar até ser patrocinado, ele atingiu a hegemonia nas pistas”, diz Levi Carrion, dirigente da AMEI.
Daniel se tornou bicampeão no Mundial de Londres, em 2017, com mais um ouro no pódio. “Ele é absoluto. Hoje não há adversário para Dani no mundo”, diz Ricardo Melo, coordenador técnico de Atletismo do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Como atleta do CPB, Daniel é patrocinado pela Braskem e pode viver para o esporte.
“As dificuldades dos atletas com deficiência intelectual em assimilar os comandos são compensadas pela força de vontade e comprometimento” Luiz Carlos Albieri, treinador
“O amor ao atletismo é o ‘combustível’ fundamental para meu desempenho. Mas por trás do ‘Daniel Martins’ existe uma superestrutura e uma equipe muito competente com quem divido os resultados”, diz o velocista, de olho na Paralimpíada de Tóquio, em 2020.