02/12/2022 - 9:30
Uma proeza é pouco. A espaçonave Orion, que protagoniza a missão Artemis 1, pode realizar dois grandes feitos ao mesmo tempo. Na semana passada, ela bateu recorde: atingiu a maior distância da Terra, 434.522 quilômetros, e mandou imagens impressionantes do nosso planeta. Lançado em 16 de novembro, o veículo espacial iniciou voo sem tripulação para uma série de testes da Nasa com o objetivo de voltar a levar astronautas à Lua até 2025.
A empreitada da agência norte-americana vai bem em seus intentos iniciais. Em 21 de novembro, a Orion registrou cenas privilegiadas da Terra: um vídeo em alta resolução do planeta por detrás da sombra da Lua. Na segunda-feira (28), no entanto, memoráveis feitos aconteceram: a cápsula bateu recorde de distância com registros fascinantes, como a Lua aparecendo para eclipsar a Terra. Segundo a Nasa, no momento da captura, a espaçonave estava a 434.522 quilômetros da Terra. Até essa data, o recorde era da Apollo 13, de 1970, que chegou a estar a 400,1 mil quilômetros. “Um marco importante”, comemorou Rick LaBrode, diretor de voo da Artemis 1, que já viajou mais longe do que qualquer outra nave espacial construída para humanos. “A missão teve um sucesso extraordinário e completou uma série de eventos históricos”, declarou Bill Nelson, administrador da agência. “É incrível como foi tudo tranquilo, mas isso é um teste. É isso que fazemos: testamos”.

As façanhas do 13º dia de viagem deixam a Nasa satisfeita para o que está por vir. A Artemis 1 testa a espaçonave Orion nessa rigorosa tarefa ao redor da Lua para levar astronautas no projeto Artemis 2, pretendido para daqui a dois anos e que os colocará na órbita lunar. Em 2025, enfim, haverá uma missão com a finalidade de pisar na superfície da Lua novamente. A tripulação, que terá uma mulher, será a segunda a pousar no satélite mais de meio século após as missões Apollo. O propósito do programa Artemis inclui uma sequência de tarefas que permitirão a exploração da Lua, onde a organização se preparará para futuras expedições para o planeta vermelho. “A Artemis pavimenta o caminho para viver e trabalhar no espaço profundo e hostil e, finalmente, levar humanos a Marte”, concluiu Nelson.
Bonecos astronautas
Na atual primeira fase, não há astronautas na Orion. Há três manequins a bordo e o ‘comandante’ da missão é o boneco Moonikin Campos – homenagem a Arturo Campos, engenheiro da Apollo 13. Em tempos de redes sociais, a Nasa fez do artefato um personagem que usa o Twitter para interagir com o público. Na segunda-feira, por exemplo, a criação ‘disse’ estar em “um dia muito ocupado” tirando selfies no espaço. Um momento de entretenimento dentro de uma agenda complexa. “Dois desses manequins estão equipados com sensores de radiação”, explica Fernando Martins, engenheiro da Divisão de Eletrônica e Telecomunicações do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia. “Os bonecos analisam se a vestimenta feita para os astronautas está bem-feita ou se precisa de melhorias”.
O programa como um todo tem metas abrangentes, pois para retornar à Lua será preciso um sistema de engenharia que não permita falhas. “São centenas de pessoas trabalhando para resolver problemas específicos, seja com comida, indumentária, propulsor ou veículo espacial”, comenta Martins. “O homem foi à Lua há algumas décadas e tivemos um progresso tecnológico desde então. São materiais e sistemas de controle totalmente diferentes”.
Laysa Peixoto, que já participou do curso de formação de cadetes da Nasa e atualmente cursa Física na Universidade Federal de Minas Gerais, lista como a Artemis atingirá a humanidade: “Teremos presença de longo prazo na Lua e um grande salto tecnológico acontecerá a partir de então, desencadeando avanços na medicina, economia lunar, produção de energia, geofísica e em outras áreas”.
Muito longe da terra

