11/11/2022 - 9:30
Começou como um trabalho escolar. Hoje, é o futuro de quatro estudantes do colégio Sesi de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Há um ano, as adolescentes Natally Souza, de 16 anos, Giovanna Freitas, Giovanna Moraes e Nicolli Marques, de 17, estão focadas em um projeto de Matemática e Química que ultrapassou os muros da escola. O quarteto desenvolve um copo com reagente químico capaz de identificar a presença do ácido gama-hidroxibutirato (GHB), conhecido como “Boa Noite, Cinderela”. A substância é classificada como “droga do estupro” por ser misturada na bebida de pessoas com o intuito de dopá-las, deixando-as vulneráveis a sequestros, roubos, assaltos e abusos sexuais. Por causa do estudo, elas conseguiram a bolsa Jovem Cientista e estão na mira de empresas interessadas em comercializar a invenção.
A proposta de criar o objeto que muda de cor em contato com a droga é abrangente, pois a intenção é ajudar tanto vítimas quanto autoridades. “O GHB fica só duas horas no corpo. Por isso, no momento do corpo de delito ou perícia, a substância não está mais no organismo. O copo serviria como prova”, explica Giovanna Moraes. O projeto das meninas questiona a análise do pH da bebida. A sigla se refere ao Potencial de Hidrogênio, que indica a acidez ou a basicidade de algo. “Há outros estudos na mesma linha, mas eles trabalham com o pH da bebida, o que não é certeiro. Então, decidimos criar um copo que reagisse com o entorpecente”, acrescenta Giovanna Freitas. Atualmente, as jovens buscam um reagente que não seja tóxico e traçam o protótipo: um produto biodegradável de polipropileno. “Usaremos um reagente colorimétrico na base do copo e ele mudaria para a cor vermelha”, adianta Natally. Para as fases seguintes, elas contarão com parceiros, uma vez que será necessário aparato profissional. “O laboratório da escola é didático. Não teríamos como fazer testes avançados nele”, justifica Nicolli. E as alunas contam com Bianca Visentin, diretora da unidade Sesi Gravataí, para seguirem com o propósito além do colégio. “Esse copo é possível, mas demanda estudo e organização”, enaltece. Se depender do interesse do mercado, a ideia das estudantes gaúchas pode se concretizar em 2023. Rafael Abruzzi, professor de Química do grupo, divulga os avanços com orgulho: “Temos possíveis parcerias com empresas, que trabalham com os reagentes que precisamos, e investidores”.