30/09/2022 - 9:30
Afirmar que a moda é algo em constante transformação não representa novidade. Mas há um grande salto de inovação em andamento que envolve a implementação de elementos tecnológicos nos fios e panos. Esse esforço começou na década de 1990 e, agora, os cientistas alcançaram, pelo menos na bancada de experimentação, o tecido robótico. E o que isso quer dizer? São roupas com autonomia de movimentos e que mudam de formato de acordo com a necessidade do usuário. Há infinitas possibilidades de interação. Por exemplo, pesquisadores de diversas universidades no Reino Unido e na Austrália conseguiram agora, de maneira inédita, unir a tecidos conjuntos eletrônicos microscópicos e, na mesma escala nano, tubos de carbono em calças. Isso rendeu à peça uma capacidade de melhorar a circulação sanguínea das pernas da pessoa ao usá-la. São roupas que poderiam também ajudar quem tem mobilidade reduzida, como muitos idosos, facilitando ações como sentar e levantar, além de conseguir captar vários sinais do corpo.
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A principal intenção no desenvolvimento desses trajes cibernéticos é proporcionar mais qualidade de vida às pessoas. Os esforço tecnológico para desenvolver roupas inteligentes inicia-se nos EUA, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) com o famoso pesquisador Steve Mann. Ele posicionava equipamentos como câmeras fotográficas, sensores e alto-falantes, entre outros, externamente nas peças o que, naquele momento, já rendeu o nome ao experimento de “roupas inteligentes”. Mas aquele amontoado de aparatos pendurados causava mais estranhamento do que desejo. O salto científico veio em 2015 com a fixação de equipamentos menores e circuitos eletrônicos nas roupas junto a fios condutores de energia, como o elastano. “Os tecidos de condutores de eletricidade proporcionaram avanço exponencial”, afirma Célia Fernandes, especialista em design, moda e tecnologia do SENAC em São Paulo. Mas nessa fase, o tecido ainda não transmite dados. Dependendo do projeto, ele pode ou não estar conectado a internet.

Outro exemplo dessa nova etapa evolutiva é o projeto do Google de desenvolvimento de trajes inteligentes. A plataforma fez parceria com grandes grifes como a francesa Yves Saint Laurent e a esportiva alemã Adidas para colocar aplicativos nas roupas que permitiriam que as pessoas pudessem atender o smartphone com extrema facilidade. “Ou seja, estão juntos tecidos condutores, circuitos programados e aplicativos”, explica Célia. Agora, o fato é que além serem eletrônicas as roupas estão se tornando robóticas. “O incremento da nanotecnologia dentro dos fios nos faz pensar em inúmeras aplicações”. Além das universidades, há startups que pesquisam os tecidos inteligentes. No entanto, ainda deve demorar algum tempo para que essas roupas estejam expostas nos cabides das lojas de shopping.