Sou daqueles que arrepia os cabelos (da calva) só de pensar naquele sujeito meio rouco, meio afônico, geralmente descuidado, berrando palavras desconexas e costumeiramente dúbias, em meio a plurais esquecidos e concordâncias abandonadas, muitas vezes de propósito, diga-se de passagem. Sim, claro, estou falando de Lula da Silva, a quem indelicadamente chamo de ex-tudo (ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro), que ocupa pela terceira vez a Presidência da República, sucedendo o maior desastre político já visto no Brasil — ao menos desde a redemocratização do País.

A alternância de poder é sempre bem-vinda e salutar em uma democracia que se queira digna. Porém, quando sucessivamente alternamos o ruim pelo pior, a troca de cadeiras mostra-se disfuncional, ou contraproducente, pois mina a credibilidade do sistema e estimula aventuras antidemocráticas. Iniciamos um ciclo perverso em 2002 com a primeira eleição do chefão petista. Após um breve suspiro no governo (tampão) Temer, retomamos a descida ao inferno e atingimos o fundo do poço em 8 de janeiro passado, após a derrocada do patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias.

A alternância de poder é sempre bem-vinda e salutar em uma democracia que se queira digna. Porém, quando sucessivamente alternamos o ruim pelo pior, a troca de cadeiras mostra-se disfuncional

Ocorre que, por lá, havia um alçapão, ne a “alma mais honesta deste paíff” abandonou as juras de paz social e união do Brasil, retomando as velhas práticas separatistas, declarando apoio a ditadores, guerreando contra o Banco Central e enxovalhado as instituições de Estado, acusando-as de fraude a favor de Sergio Moro. Não bastassem as falas desastrosas – suas e de seus ministros –, que já mandaram a Uber embora do País e disseram não ter “medo de cara feia” para o setor financeiro, o Barba, em 100 dias de governo, ainda não fez absolutamente nada. Pior. Dá mostras de que não fará, pois não há planos para tanto.

Saber que Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, foi defenestrado, não apenas do Planalto, mas do posto de principal líder político do País, é sem dúvida um consolo, e as dezenas de processos criminais que encontrará pela frente o levarão, com certeza, à inelegibilidade — senão à cadeia. Se é fato que ninguém disse que seria fácil encarar o lulopetismo outra vez, por outro lado, a manutenção do amigão do Queiroz e sua gente – e tudo o que representam de mau – era simplesmente inadmissível. Por isso, dentre os males, o menor. Ainda que seja estupidamente extenuante – ainda estamos em março do primeiro ano de governo… aff.