03/02/2023 - 9:30
A crise enfrentada pelo comércio durante a pandemia não apenas acelerou a digitalização do varejo, como também levou um grande número de empresários a apostar em um novo modelo de negócios: as lojas em contêineres.
Depois do turbilhão provocado pela Covid-19, muitas empresas passaram a criar outros canais de venda, além das já estabelecidas operações online. A varejista de chocolate Cacau Show foi uma delas. Durante a pandemia desenvolveu o seu modelo de loja no estilo contêiner e o colocou em teste. Logo percebeu que o projeto não poderia ficar funcionando de forma provisória: “Inicialmente a ideia era fazer uma loja temporária, mas tivemos uma enorme receptividade. Só em 2022 chegamos a abrir 450 unidades nesse modelo”, diz o gerente de expansão Arlan Roque.
Os contêineres são feitos de aço e pesam mais de duas toneladas. Costumam medir até seis metros de comprimento e são altamente resistentes à oxidação, além de terem uma capacidade de carga que suporta mais de vinte toneladas. Há quem opte por modelos feitos de material reciclável, com uma pegada mais sustentável.
Independentemente do formato, o fato é que as lojas contêineres ganharam espaço rapidamente. Uma das razões é a economia. Sem gastos com diárias de mestres de obras, serventes e desperdício de material de construção, ainda escapam do aluguel pesado das lojas de rua e de shoppings, além das taxas de condomínio. “A ideia é que os empresários possam experimentar esses pontos comerciais em áreas de muita demanda e a preços competitivos”, explica Nickson Vilas Boas, sócio-diretor da marca Petland&CO, rede de pet shops. “Uma das principais vantagens da unidade modular é seu custo fixo baixo e a rapidez com a qual é possível abrir uma loja”, completa.
“Uma das vantagens da unidade móvel é o custo fixo baixo e a rapidez com a qual é possível abrir uma loja” Nickson Vilas Boas, Sócio-diretor da Petland&Co
Se o ponto escolhido não dá certo, o formato de loja em contêiner permite uma fácil mudança. Ou seja: é possível experimentar locais variados de uma mesma cidade antes de optar por um lugar fixo, após analisar o fluxo de clientes potenciais e a demanda. Ao fim de uma temporada, o responsável pela unidade pode ainda mudar a loja de endereço para atender uma nova clientela. “O nosso contêiner pode acompanhar o fluxo sazonal dos consumidores, ao longo de temporadas de verão, grandes eventos e festivais”, explica Caito Maia, fundador da Chilli Beans. Outro diferencial é a operação de custo reduzido, maximizando o resultado para o franqueado.

Ao aderir a esse modelo, o empresário não tem aquela surpresa e desgaste para fazer a mudança de ponto como acontece nas unidades convencionais. Mas nem tudo é fácil: um dos principais problemas de alguns lojistas que adotaram esse modelo é a variação climática e a imprevisibilidade do clima brasileiro. “Em dia de chuva é ruim. O clima interfere e o parque esvazia”, alerta Eduardo Montejano, proprietário do contêiner da Chilli Beans no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
Além do investimento mais baixo, retorno atrativo e a possibilidade de movimentar a loja de acordo com o público-alvo, existe outro lado que tem contado muito para o número crescente das lojas modulares: a sustentabilidade. Como todo o projeto é feito fora de um canteiro de obras, a montagem não gera resíduos e entulhos, fica livre de problemas relacionados às intempéries do clima e garante melhor produtividade na instalação.
Os níveis de ruído na vizinhança e o consumo de energia também são menores desde a concepção do projeto até a entrega da unidade. Além disso, por exigir menos processos de limpeza, consome menos água. “Acho que um dos diferenciais é a pegada sustentável, pois o ‘Eco Chilli’ é construído de material reciclado e também movido à energia solar”, afirma Caito Maia. O empresário, que lançou a primeira loja modular em 2020, vai apostar pesado nos contêineres: ele tem como meta abrir mais 400 lojas nesse modelo nos próximos anos.
