Brasil e Portugal estão conectados economicamente mesmo 200 anos após a Independência. Ao longo do tempo, os fluxos de capitais e interesses comerciais variaram e mudaram de direção, mas a relação nunca deixou de ser relevante. O interesse para os portugueses é evidente. O Brasil é um mercado de mais de 200 milhões de habitantes. É vital na estratégia de internacionalização da economia lusitana. Atualmente, é o destino de mais de 1.500 empresas do País europeu. A portuguesa EDP é um exemplo dessa ligação. Há 26 anos no Brasil, é uma companhia global que tem hoje no País seu segundo maior mercado entre os 29 em que atua. A contribuição, por aqui, vai além dos negócios de energia. “Direcionamos recursos para o apoio à reconstrução do Museu da Língua Portuguesa e à restauração do Museu do Ipiranga, em que fomos a primeira empresa a anunciar patrocínio”, declara João Marques da Cruz, CEO da EDP no Brasil.

Por outro lado, Portugal apresenta-se hoje como um destino prioritário. De acordo com dados recentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, o número de brasileiros morando legalmente em Portugal cresceu pelo quinto ano consecutivo e atingiu a marca recorde de 209.072 pessoas em 2021, representando 29,2% de todos os estrangeiros que vivem em situação regular no País. Portugal ocupa posição favorável nos rankings internacionais de negócios, e está em ascensão. O Grupo Boticário conhece bem essa realidade. Está há 35 anos em Portugal, onde conta com 59 lojas físicas, além e-commerce e venda direta. “O País tem características que se aproximam muito com o nosso negócio no Brasil. Acreditamos na potência deles, nos inúmeros benefícios e comodidades que tornam Portugal atrativo, desde seu ecossistema digital à proximidade do idioma, custo de vida e flexibilização para obtenção de visto”, diz Daniel Knopfholz, vice-presidente de digital e tecnologia do grupo.

Aquilo que era a intuição de poucos empresários há 30 anos, hoje é certeza. Exemplo de uma união comercial de sucesso entre os dois países é a sociedade da doutora Maria do Céu Santiago e o empresário Leonardo Freitas. Ela, advogada portuguesa com experiência em direito da imigração, e ele, executivo brasileiro com experiência de 26 anos em relações governamentais, tornaram-se sócios em 2021 na Hayman-Woodward, multinacional que cuida dos trâmites legais para quem quer ter seus negócios fora de seus países de origem. Os dois fazem o intercâmbio entre profissionais dos dois países. “Essa facilidade de mão dupla entre Brasil e Portugal facilita bastante os negócios”, diz Leonardo.

Com a crise da pandemia e da instabilidade política, entraram no Brasil, em 2020, somente 439 portugueses. Por outro lado, o número de brasileiros em Portugal só cresce, já que há necessidade de mão de obra. “Hoje vemos que o País está com déficit de mão de obra especializada. Portugal precisa de boa imigração e de investimento, e o Brasil precisa de uma porta de entrada para um mercado europeu”, resume Maria do Céu.