09/12/2022 - 9:30
O ex-presidente José Sarney costuma não pedir a aliados o que há risco de ser negado. Mas indicou para Lula da Silva, na reunião entre eles, que gostaria de ver a filha Roseana Sarney (MDB) presidente da Câmara dos Deputados. Ex-senadora e ex-governadora, Roseana volta a Brasília com 97 mil votos — longe de ser unanimidade no Maranhão, reduto do clã. Lula não garantiu nem recusou. E só cresce a fila da sucessão de Arthur Lira (PP-AL), com a reeleição praticamente acertada. O presidente eleito quer garantia de que, após dois anos de mandato, não terá sustos de opositores nem faca no pescoço de aliados que lhe possam dar dor de cabeça. O PT ensaia a volta de Arlindo Chinaglia (SP) ao comando, mas a ala mineira do partido trabalha para emplacar Reginaldo Lopes — o Estado representa o 2º maior colégio eleitoral do País e petistas cravam que fizeram a diferença pró-Lula na disputa nacional. O PSB do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin não quer ser ofuscado na vitrine e exige espaço.
Com reeleição praticamente acertada, Lira já vê a lista de nomes para seu cargo crescer a cada dia. PT, PSB e MDB têm sugerido deputados a Lula
Itaipu: Saldo incerto
O Brasil vai quitar ano que vem a dívida com o Governo do Paraguai da construção da Usina de Itaipu, mas representantes dos países não concluíram o Tratado final — isso inclui valores devidos aos sócios na produção. Há uma crítica velada no grupo de transição de Governo de que militares que comandaram a empresa, desde 2018, em nada avançaram.

Radiografia das redes de internet
A pandemia da Covid-19 acelerou o processo de inclusão digital no País, mas o IBGE indicou que cerca de 7,28 milhões de famílias permanecem sem acesso à internet nas residências. O Comitê Gestor da Internet no Brasil mapeou 63 redes comunitárias em 2022 – que cedem acesso e são bancadas, na maioria, por ONGs – e entrevistou gestores de 40 redes: 28 dos entrevistados (70%) gerenciam redes em municípios que apresentam maior vulnerabilidade de sinais, e 25% delas estão em localidades consideradas as mais pobres do Brasil. Dentre as redes mapeadas, 40% estão em quilombos, 32,5% em aldeias indígenas e 22,5% em áreas ribeirinhas.
Bolsonaro com Marinho ou Tereza

Depois das visitas de um padre, o presidente Jair Bolsonaro retomou a articulação política. A prioridade é viabilizar o senador eleito Rogério Marinho (PL) na eleição à presidência do Senado. Reuniões são frequentes. Um auxiliar governista diz que, além de tornar a vida de Lula da Silva mais difícil no Congresso, o sonho de Bolsonaro é ver prosperarem os pedidos de impeachment contra ministros do STF. A recondução do senador Rodrigo Pacheco (PSD) significaria enterrar as intimidações. Marinho é criticado por ser passivo no tema, e há uma ala bolsonarista disposta a investir no nome de Tereza Cristina (PL).
Nomes fortes na rota de Pacheco

Com bom trânsito suprapartidário, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não consegue emplacar seu nome para uma vaga no STF. Sua estratégia de ficar em cima do muro na disputa para presidente da República não lhe garantiu a confirmação de ser um nome na lista do eleito. Discreto, o advogado Pacheco ainda desfila sonhando ser ministro do Judiciário. Tem apoio do presidente do PSD, Gilberto Kassab, mas só vê a fila crescer. Cristiano Zanin é dado como certo na vaga de Ricardo Lewandowski em maio. E Lula da Silva cita a amigos que almeja nomear uma mulher para a vaga vindoura de Rosa Weber.
Cai a primeira promessa de Lula
Mal terminou a campanha e caiu a primeira promessa de Lula da Silva. O PT apoia a manutenção do orçamento secreto — um conluio com o presidente Arthur Lira, que será reeleito. Daqui a pouco, brincam opositores, Lula segura os 100 anos dos decretos de Bolsonaro pelo eventual apoio do PL.
Disputa mais acirrada
Cinco partidos travam disputa acirrada pelo comando do Ministério do Desenvolvimento Regional. A estrutura, que será dividida em duas com a recriação da pasta das Cidades, tem o maior volume proporcional de recursos direcionados por parlamentares. Pote de ouro para prefeitos. Estão no páreo nomes do PT, PSB, MDB, PSD e Solidariedade.
Outro “injustiçado”
Agraciado com a Operação Lava Jato no currículo, o ex-deputado André Vargas (PT-PR) cronogramou o projeto de retorno a Brasília. Quer disputar a Prefeitura de Londrina (PR) em 2024 e uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026. Já tem o slogan: “Injustiçado como Lula”. Para quem desfilou com algemas, falta combinar com o eleitor.
Nos bastidores
Sedex segue estatal
Alívio entre funcionários. Os Correios, com faturamente bilionário na gestão de Floriano Peixoto, não será mais privatizado. Mas volta a ameaça de novo assalto partidário.
Os Índios-bombeiros
Nem tudo é desastre na área ambiental. Há avanços pontuais protagonizados por ONGs. O Ibama e o Serviço Florestal Americano treinaram 40 indigenas da etnia Apinajé para combate à incêndio no Tocantins.
A conexão portenha
Lula da Silva orientou a equipe a manter uma conexão portenha para monitorar o estado de saúde do amigo e ex-senador Fernando Lugo. Ele faz tratamento contra um câncer em Buenos Aires. Ex-presidente do Paraguai, Lugo sofreu um impeachment.
Muro da lamentação
Gabinete de Transição foi apelidado de “muro da lamentação” por alguns petistas. O Governo decidiu acomodar nos GTs militantes que trabalharam na campanha, que cobravam assento na futura administração.