É impressionante constatar que, passados 16 anos desde sua última luta oficial, o pugilista Mike Tyson continue a ser uma presença constante na mídia em todo o mundo. Há uma razão por trás dessa fama: bem mais que um ídolo do esporte, Tyson tornou-se um ícone da cultura pop. Só isso explica a quantidade de documentários e obras de ficção inspiradas em sua trajetória, um drama que possui elementos que fascinam o público: a ascensão, a queda e a redenção. Ainda é cedo para saber, no entanto, se essa história termina em triunfo ou tragédia.

A produção mais recente é Mike Além de Tyson, minissérie ficcional com oito episódios que acaba de estrear no streaming Star+. É estrelada pelo ator e atleta Trevante Rhodes, que, antes de brilhar em Moonlight, conquistou a medalha de ouro no Campeonato de Atletismo Pan-Americano, em 2009. Criada pelos roteiristas Craig Gillespie e Steven Rogers (de Eu, Tonya, de 2017), essa biografia não autorizada aborda os altos e baixos da vida de Tyson, tanto no boxe quanto fora dele, além do racismo e do poder da mídia. O elenco conta ainda com Laura Harrier, como a ex-esposa Robin Givens, e Russel Hornsby, como o empresário Don King).

DO CINTURÃO AO BANDEJÃO Mike Além de Tyson: série ficcional vai mostrar o sucesso do lutador nos ringues e a rotina na prisão, onde ele passou três anos (Crédito:Divulgação)

A história de Tyson no boxe começa ainda na adolescência, no bairro do Brooklyn, em Nova York. Aos 11 anos, após a morte da mãe, foi internado em um reformatório para jovens delinquentes. Aos 13, pesava mais de 90 quilos, o que já lhe permitia disputar lutas na categoria peso-pesado. Foi quando chamou a atenção de Cus D’Amato, treinador que fez do lutador Floyd Patterson o primeiro bicampeão mundial da história. Assim como Tyson, ele também fora descoberto em um reformatório no Brooklyn. Depois que Patterson anunciou o fim da carreira, em 1972, D’Amato passou a procurar outro talento que o ajudasse a voltar aos topo. E achou: Tyson estreou como profissional aos 18 anos contra Hector Mercedes, disputa que terminou exatamente igual às 11 lutas seguintes: com nocaute relâmpago, ainda no primeiro round.

Divulgação

Preocupado com os efeitos do sucesso sobre o jovem aprendiz, D’Amato o adotou, passando a ser seu tutor e responsável legal. Era uma época de transição no mundo do boxe. Muhammad Ali estava aposentado e o então campeão, Larry Holmes, não empolgava o público. Tyson veio como um furacão, demolindo todos os adversários que apareciam em sua frente. Tornou-se o mais jovem campeão de todos os tempos, aos 20 anos. Seu mentor, no entanto, não pode presenciar o fato histórico: D’Amato morreu um mês antes de ver o pupilo vencer Trevor Berbick e conquistar o cinturão do Conselho Mundial de Boxe (WBC).

A queda de Tyson começou em 18 de julho de 1991, em Indianápolis. Convidado para ser jurado do concurso de Miss Black America, conheceu a jovem Desiree Washington, de 18 anos. Após passarem algumas horas juntos em um quarto de hotel, a modelo deixou o local e o acusou de estupro. Tyson foi condenado a seis anos de prisão, cumprindo metade da pena por bom comportamento. Saiu e retomou a carreira, mas já sem o mesmo brilho.

Fotografias

A 6 de setembro, outro lançamento ligado ao lutador deverá deixar seus fãs em polvorosa. A renomada fotógrafa Lori Grinker, que acompanha Tyson desde o início da carreira, lançará um livro com imagens marcantes de sua vida. A obra abre com uma citação de D’Amato: “Mike é um homem de aço e seu soco é uma bomba atômica, uma força da natureza”. Além da nova produção, outras estão disponíveis, inspiradas na vida do boxeador. A primeira a ser lançada foi o documentário Fallen Champ: The Untold Story of Mike Tyson, de 1993. Logo depois, em 1995, veio um filme para a TV, tendo Michael Jai White como protagonista. Com um público tão fascinado por sua vida, certamente a minissérie da Star+ não será o último round de Mike Tyson.

Um astro fora dos ringues

FAMA Mike Tyson: show na Broadway e personagem de videogames (Crédito:Al Bello)

Aos 56 anos, o próprio Mike Tyson continua a contribuir para a fama de ídolo fora dos ringues: em 2009, interpretou a si mesmo no sucesso de bilheteria Se Beber não Case, filme que contou até com a participação de seu tigre de estimação. Em 2011, repetiu a dose na bem-sucedida sequência dirigida por Todd Philips. Tyson arriscou ainda uma atuação como comediante, contando episódios de sua vida em um show solo na Broadway, em Nova York. Ficou famoso até no mundo virtual: foi persongem dos games Punch Out (NES), Boxing (Playstation) e Heavyweight Boxing (Xbox).