Alguns, por acaso, são foras-de-série que despertam a atenção de professores ou técnicos, seja em brincadeiras de rua, escolas ou mesmo clubes. Outros, resultado da soma de um bom orientador e trabalho multidisciplinar. Nos últimos meses, Alison dos Santos, do atletismo; Gabriela Guimarães, do vôlei; Beatriz Haddad Maia, do tênis, e Pedro Guilherme Abreu dos Santos, do futebol, brilharam em pistas, quadras e campos, como uma amostra definitiva da versatilidade dos atletas brasileiros.

Piu, Malvadão, Senhor Gelado… Dos apelidos desde criança, Alison dos Santos passou a colecionar medalhas do atletismo. Algumas delas supercobiçadas, como o bronze olímpico dos 400m sobre barreiras, em Tóquio/2021, e o ouro do Mundial de Eugene, em julho último, com 46s29. Agora, quer o recorde mundial do norueguês Karsten Warholm, de 45s94. Para isso, desde o ano passado corre a distância em 12 passadas, em vez de 13, como decidiu o técnico Felipe de Siqueira, que assim aproveita o 1,12m só de pernas de seu atleta de 2m. É uma “economia” para gastar no sprint da chegada, o que vem dando certo: o bem-humorado Alison é o líder dos 400m sobre barreiras da Diamond League, o circuito mundial de atletismo que terá sua etapa final em Zurique, na Suíça, em 7 e 8 de setembro. Do bebê que teve queimaduras por um acidente com óleo fervendo, o atleta deixou complexos para trás, da mesma forma que adversários.

Gabi Guimarães
vôlei

• Idade: 28 anos
• Peso: 65 kg
• Altura: 1,80 m
• Melhor jogadora da Europa

miladpayami

Gabi Guimarães vem ganhando tudo com seu time Vakifbank, da Turquia. É muito técnica, forjada na escola mineira, além de hábil. Cada vez mais precisa e consistente no passe e no ataque, encerrou a temporada passada do vôlei europeu como a MVP da Champions League (MVP de Most Valuable Player (“melhor jogadora”, em português direto). Diz nem ter a percepção de ser “melhor do mundo” e sim de estar em uma grande evolução e “no bolo” das melhores. Para explicar o “tamanho” da baixinha, basta uma frase de José Roberto Guimarães (prata e três ouros olímpicos como técnico): “Não troco a Gabi por nenhuma outra jogadora do mundo”.

Pedro
futebol

• Idade: 25 anos
• Peso: 78 kg
• Altura: 1,85 m
• Titular do Flamengo

Divulgação

Agora em agosto, Bia Haddad derrotou a polonesa Iga Swiatek, número 1 do mundo, e passou pela tcheca Karolina Pliskova, outra ex-número 1 do ranking da WTA (a associação feminina de tênis). Chegou a vice em Toronto, mas os pontos acumulados por essas grandes vitórias a levaram ao 15º lugar do ranking internacional, o melhor de uma brasileira, descontada, claro, a supercampeã Maria Esther Bueno, que reinou em quadras do mundo nos anos 1960. Bia admira sua antecessora pela carreira fantástica, mas também pelo caminho aberto em época de muitos preconceitos contra a mulher no esporte. E se nega a qualquer comparação com ela ou mesmo com Gustavo Kuerten, o Guga, “duas personalidades fora da curva”. Seus resultados, diz, vêm de trabalho cada vez mais focado em detalhes, com o técnico Rafael Paciaroni e o fisioterapeuta Paulo Cerutti.

Rumo ao Catar

Pedro seguiu na reserva do Flamengo ao recusar proposta do Palmeiras para dobrar salário e ser titular. Ficou à sombra de Gabigol. A lealdade compensou com a chegada do técnico Dorival Jr., que escancarou seu talento ao colocar os dois juntos, como titulares, no ataque. A confiança resultou em um brilho fulminante da parte de Pedro, que soma 20 gols desde a chegada do técnico, em junho. Por sua altura, o “matador” é excelente opção para a seleção brasileira, que possui atacantes mais baixos e rápidos, na Copa do Mundo do Catar, entre novembro e dezembro. O próprio Tite já disse, sobre Pedro: “Ele está se convocando”.

ALISON DOS SANTOS
atletismo

• Idade: 22 anos
• Peso: 78 kg
• Altura: 2,00 m
• Bronze olímpico, ouro mundial